A IBM possui um software de reconhecimento facial de última geração que estava sendo utilizado pelas Forças Armadas Americanas por um longo período, principalmente na marcação de terroristas no Afeganistão e no posicionamento estratégico em aeroportos espalhados pelo país, uma realidade notável na China, inclusive há um controle social que restringe a circulação de pessoas.
Porém, no ano passado, o presidente-executivo da IBM, Arvind Krishna, disse ao Congresso dos Estados Unidos que iria “extinguir” o software de reconhecimento facial de sua empresa, por estar sendo utilizado de forma ABUSIVA pelas autoridades policiais para realizar vigilância em massa, mas não citou as instituições armadas.
Os grupos de tecnologia Microsoft e Amazon assumiram uma posição semelhante sobre o polêmico software, após pressão de funcionários.
As empresas se recusariam a vendê-lo às forças policiais e pediram ao Congresso que regulasse a tecnologia emergente.
Essas mudanças aconteceram depois que funcionários do Google obrigaram a empresa a recuar em seu trabalho de inteligência artificial para o Pentágono, em 2018.
Alguns observadores interpretam esses desenvolvimentos como o distanciamento da Big Tech dos órgãos governamentais tão necessários para sua ascensão.
Para alguns analistas, as recursas das bigtechs seriam suprimir a possibilidade das autoridades identificarem radicais que investem contra patrimônios ou pessoas, como vêm ocorrendo nos movimentos apoiados pelas próprias bigtechs e ala democrática americana, BLM, ANTIFA, e entre outros.
O relacionamento do Vale do Silício com o governo e os militares está profundamente interconectado e cada vez mais tenso, à medida que as avaliações das maiores empresas de tecnologia chegam a trilhões de dólares e seus produtos agora tocam a vida dos cidadãos diariamente, A FORMA DE CONTROLE MUDOU.
O Vale do Silício é uma região no norte da Califórnia que atua como um centro global de alta tecnologia e inovação dos EUA.

Nos últimos anos, a dificuldade mais observada foi quando a Apple se recusou a ajudar o FBI a invadir um iPhone ligado ao ataque terrorista e tiroteio em massa de 2015 em San Bernardino, na Califórnia, uma demonstração clara do poder da empresa e de um conjunto distinto de valores.
Caso o ataque fosse contra um executivo ou uma sede da Administração da Apple a empresa também se recusaria a liberar o acesso do dispositivo? Até que ponto a segurança ou sigilo é aceitável pela empresa? De todo caso a seletividade sempre está acima de tudo e de todos.
Segundo Vogel, ex-funcionário da Casa Branca, “a Apple foi firme na proteção dos direitos de privacidade de seus usuários [enquanto] as autoridades policiais queriam desesperadamente impedir os crimes antes que eles acontecessem”.
Talvez as empresas de tecnologia estejam com muitas despesas sobre o setor militar, e ao descobrirem o ganho muito maior na guerra de informação através de smartphones, com linhas de reconhecimento facial e touchid, a coleta de informação e mercado consumidor são atraentes.
Apesar de todas as manchetes sugerir que as principais empresas de tecnologia estão evitando trabalhar com os militares, uma nova aliança se formou, e negócios antigos ainda continuam.
No início deste ano, a Microsoft ganhou um contrato de US$ 22 bilhões com duração de 10 anos para fornecer fones de ouvido de realidade aumentada a 120.000 soldados americanos de combate corpo a corpo, principalmente a nível FOPESP.
Em 2019, foi concedido um contrato de computação em nuvem de US$ 10 bilhões para o Pentágono que muitos presumiram que iria para a Amazon, que também havia participado da licitação.
Brandon Tseng, ex-operador de elite Navy Seals e cofundador da Shield AI, uma startup que ajuda o Pentágono a construir sistemas não tripulados para zonas de conflito, diz que, para cada exemplo de recuo do Google, há uma intervenção da Microsoft. “É um mito que engenheiros talentosos não querem trabalhar com os militares”.
Tseng sublinha que sua empresa está perto de 200 funcionários, dobrando ano a ano, e há toneladas de interesse interno.
Em geral, encontra-se uma força de trabalho entusiasmada e interessada em ajudar o governo a resolver problemas no campo de batalha.
A Shield AI está entre as empresas que prosperam graças ao seu apoio incrível ao setor de defesa, isso se deve pela visão revolucionária de seu cofundador que operou no Afeganistão junto com sua unidade Navy Seals.
Outras empresas de renome incluem Palantir, o grupo de bigdata cofundado por Peter Thiel que agora vale US$ 40 bilhões, e Anduril, que desenvolve tecnologia para vigilância de fronteiras.
O sucesso desses grupos reflete em parte como o Departamento de Defesa dos EUA está se adaptando à cultura de tecnologia – muito ciente de que suas hierarquias e tradições rígidas não são párias para a abordagem de inovação de software prioritário de empresas privadas.
O setor de tecnologia da América no Vale do Silício e nas outras áreas da América há muito está interligado ao militar, desde que o governo dos Estados Unidos se tornou um grande gastador nos primeiros semicondutores e outros equipamentos caros que careciam de um mercado comercial.
A historiadora Margaret O’Mara, professora da Universidade de Washington, escreveu que “quer seus funcionários percebam ou não, todos os gigantes da tecnologia de hoje contêm algum DNA da indústria de defesa”.
O Vale do Silício tem suas origens no Departamento de Defesa e na indústria aeroespacial e de defesa. Radar, GPS e tecnologia stealth surgiram durante a guerra fria.
Essas décadas foram moldadas pelo fato de o governo ser o principal investidor e o maior comprador da tecnologia.
Mas, à medida que a internet se tornou parte da vida cotidiana, o Vale do Silício mudou seu foco para aplicativos de consumo e negócios, mercados consumidores que se tornaram muito maiores do que as ordens do governo dos Estados Unidos.
Vejam um dos testes da empresa Shield AI:
Com informações complementares FT, Reuters, Council on Foreign Relations, CSIS, US Congress, TWP, TNYT, Felipe Moretti