A posição da China com a Rússia pode decidir o futuro da Guerra

Os chineses enfrentam uma decisão sobre se querem ou não se alinhar com a Rússia, isso pode definir o futuro da Guerra, ou melhor, da humanidade.

A China e a Rússia mantêm laços calorosos e, no início de fevereiro, as duas nações divulgaram uma longa declaração conjunta que reafirmou sua aliança e expressou oposição à expansão da OTAN – a principal queixa da Rússia que levou à invasão total da vizinha após observar claramente a intensa posição de armas perto de suas fronteiras.

Enquanto isso, a relação entre Washington e Pequim foi testada nos últimos anos, quando os EUA priorizaram a competição estratégica com a China em sua política externa sob o ex-presidente Donald Trump, uma posição totalmente adotada por Joe Biden que criticava as ações de Trump que, profundamente, estavam corretas.

Em meio aos esforços para consertar os laços EUA-China, o governo Biden irritou a China quando garantiu um acordo com o Reino Unido para fornecer à Austrália submarinos movidos a energia nuclear no ano passado por meio do Acordo AUKUS. Biden também pressionou para reviver a aliança Ásia-Pacífico com Índia, Austrália e Japão, e se reuniu com os líderes dos países na Casa Branca em setembro.

Os quatro países divulgaram uma declaração conjunta após as negociações apoiando uma “ordem livre, aberta e baseada em regras, enraizada na lei internacional e sem medo de coerção” em uma aparente mensagem à Xi Jinping, que respondeu repreendendo o grupo como “exclusivo” e dizendo que estava “condenado ao fracasso”.

Também tem havido crescentes tensões entre Pequim e Washington e seus aliados na região da Ásia-Pacífico – incluindo Taiwan e o Mar da China Meridional, o último dos quais a China reivindica quase inteiramente como seu, apesar das reivindicações concorrentes de outros países da região.

A China se recusou a estender o apoio político direto à Rússia no conflito atual no Leste Europeu.

Em vez disso, o Ministério das Relações Exteriores chinês expressou esperança de que a crise seja resolvida por meio do diálogo diplomático, uma ideia muito bem aceita, mas só acontecerá se Biden e Putin desejar.

O Pentágono e os legisladores dos EUA citaram com destaque a oposição à China ao aprovar o orçamento de defesa de US$ 777,7 bilhões deste ano.

Uma grande esperança para os chineses é que o conflito na Ucrânia atraia a atenção americana, os recursos americanos, para longe da região Ásia-Pacífico.

Certamente, os chineses estão tentando tirar o melhor proveito da situação atual para que possam se beneficiar um pouco se a atenção militar americana e a atenção dos aliados europeus forem direcionadas mais para a Rússia e menos para a China, doce ilusão. Vale lembrar que os americanos possuem Comandos militares que dividem o globo, por exemplo, o Comando Central Americano, responsável pelo Oriente-médio, e o Comando Europeu, responsável pela Europa.

Nos últimos dias, vários altos funcionários dos Estados Unidos desencorajaram a China de apoiar a Rússia em sua guerra contra a vizinha, em meio a relatos de que Moscou solicitou assistência militar de Pequim por conta das sanções que impedem a importação de produtos que originam armamentos bélicos.

Embora as autoridades chinesas tenham minimizado os relatórios, especialistas dizem que a campanha de pressão pública americana sobre a China pode definir um relacionamento já instável entre as duas nações nos próximos anos.

A China é o único grande amigo da Rússia e o único membro permanente do Conselho de Segurança que não criticou Moscou pela questão ucraniana.

Desde que a Rússia lançou a dita operação especial sobre a Ucrânia, caracterizada pelo ocidente como Guerra Declarada, em 24 de fevereiro, a China assumiu publicamente uma posição neutra, apoiando as negociações para acabar com o conflito e pedindo “limitação máxima” e redução da escalada, foi assim nas votações do Conselho de Segurança e nos principais conselhos da ONU.

Em meios aos boatos e sinais de apoio, Washington logo alertou Pequim sobre as “consequências” caso forneça assistência militar ou financeira a Moscou.

Esse aviso veio depois que a mídia dos EUA, citando autoridades americanas não identificadas, informou que a Rússia havia solicitado assistência militar a Xi Jinping, uma alegação que Pequim parecia negar.

Autoridades do alto escalão americano enfatizaram repetidamente que a Rússia está enfrentando reveses em sua invasão, apesar do contínuo bombardeio de cidades e vilas na vizinha.

A guerra levou a fuga de mais de três milhões de pessoas até o momento, e especialistas estimam que o número possa chegar a 5 milhões.

O maior perigo e ameaça americana vem a seguir. Analisando o cenário, caso a China decida apoiar o esforço de guerra russo, os EUA responderão restringindo os laços econômicos com a China, além de autorizar um orçamento militar MUITO MAIOR para lidar com Pequim.

Mas se a China pretende prolongar a guerra na Ucrânia, autoridades dos EUA ameaçaram sanções contra Pequim. Certamente é algo no campo da possibilidade.

Mas é muito mais difícil simplesmente por causa dos laços econômicos muito maiores com os americanos, ou seja, há uma resistência por parte da China em não apoiar para evitar quebra de relações econômicas americanas, e há dúvidas nas possíveis sanções por parte de Washington contra os chineses, seu maior parceiro econômico. Obviamente, há muito mais empresas nos EUA que fazem negócios com a China.

Isso tornaria muito mais caro tentar vincular o relacionamento econômico à política externa.

Por isso sempre digo, não existem amigos no meio diplomático, é cada um por si e os interesses de suas nações à frente de tudo.

Os chineses enfrentam uma decisão sobre se querem ou não se alinhar com a Rússia, contra a Europa e os Estados Unidos, por um lado pode facilitar e serem intermediadores na resolução do conflito, porém, caso auxílio bélico e financeiro se concretizem, incentivariam os Estados Unidos a tratar a nação como um de seus principais adversários e provocar um caos muito maior, uma Guerra Fria 2.0.

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Felipe Moretti
Felipe Moretti
Jornalista com foco em geopolítica e defesa sob registro 0093799/SP na Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Especialista em análises via media-streaming há mais de 6 anos, no qual é fundador e administrador do canal e site analítico Área Militar. Possui capacidade técnica para a colaboração e análises em assuntos que envolvam os meios de preservação e manutenção da vida humana, em cenários de paz ou conflito.
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