O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está enfrentando um coro crescente de indignação internacional depois que a Suprema Corte controlada pelo governo endossou sua contestada alegação de ter vencido a eleição presidencial.
A oposição venezuelana alegou que Maduro tentou fraudar a eleição de 28 de julho e apresentou evidências convincentes de que seu candidato, Edmundo González, foi o vencedor.
Até mesmo países como Brasil e Colômbia, cujos líderes de extrema-esquerda têm laços de longa data com o movimento político bolivariano-chavista ditatorial de Maduro, se recusaram a reconhecer sua vitória até que dados detalhados da votação fossem publicados.
Nesta quinta-feira, a Suprema Corte da Venezuela certificou publicamente o suposto triunfo de Maduro, o que daria ao titular mais um mandato de seis anos. Durante um anúncio televisionado, sua presidente, Caryslia Beatriz Rodríguez Rodríguez, declarou sua reeleição “indiscutível” e chamou o veredito da corte de “definitivo”.
#HechosDigital ?? La presidenta del Tribunal Supremo de Justicia de Venezuela Caryslia Beatriz Rodríguez Rodríguez ha solicitado que se realice una investigación contra el equipo de María Corina Machado y Edmundo González por la publicación de las actas electorales del 27 de… pic.twitter.com/OeQ950nWle
— TV Azteca Honduras (@aztecahonduras) August 22, 2024
“Nada nos deterá em nossa missão sagrada [de defender a lei]”, disse Rodríguez, que é membro do partido socialista de Maduro, em seu discurso de 30 minutos. O tribunal não divulgou nenhum dado detalhado da votação em que sua decisão se baseou.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, usou o Brasil para defender a legitimidade da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano de ratificar a reeleição do presidente Nicolás Maduro para um novo mandato.
Rodríguez, aliado de Maduro, disse que a eleição foi confirmada por uma Corte superior, assim como ocorre no Brasil. E aproveitou para chamar a atenção de Celso Amorim, assessor internacional do presidente Lula (PT); o Brasil não reconheceu o resultado da eleição venezuelana e cobra a publicação das atas eleitorais, o que não aconteceu até o momento.
“É importante dizer que a sentença do TSJ não é apenas na Venezuela onde está a jurisdição superior da sala eleitoral, mas também no Brasil –ouviu, senhor Celso Amorim?
A decisão provocou uma onda de raiva e críticas. Gabriel Boric, presidente progressista do Chile, acusou a Suprema Corte da Venezuela de “consolidar a fraude” supostamente perpetrada por Maduro após a recente eleição.
“O Chile não reconhece esse falso triunfo autoproclamado de Maduro e companhia”, escreveu Boric no X, expressando solidariedade aos venezuelanos que lutam por “democracia, justiça e liberdade”.
“A ditadura da Venezuela não é de esquerda”, disse ele. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse: “O regime de Maduro confirma o que a comunidade internacional vem denunciando: fraude”.
Lacalle disse que a ação revelou “uma ditadura que fecha todas as portas para uma vida institucional e democrática para seu povo”. “Não devemos permanecer em silêncio ou cessar em defesa da causa venezuelana”, acrescentou.
Juanita Goebertus, diretora da Human Rights Watch nas Américas , chamou a decisão de “uma tentativa grosseira de encobrir judicialmente a fraude eleitoral”.
“O tribunal não é imparcial nem independente”, disse Goebertus, apelando à comunidade internacional para que continue a exigir uma avaliação credível e imparcial dos dados de votação. Andrés Izarra, um ex-ministro de Maduro que agora vive no exílio, denunciou o que chamou de “um golpe”. “Nenhum país aceitará esse julgamento. E nem o povo venezuelano”, disse ele.
O rival de Maduro na eleição, González, rejeitou o veredito, chamando-o de “nulo e sem efeito”. A administração de Maduro tem reprimido duramente os dissidentes desde que sua reivindicação de vitória desencadeou dois dias de protestos envolvendo muitas das comunidades pobres que por anos foram leais ao seu movimento e seu fundador, Hugo Chávez. Mais de 20 pessoas foram mortas e mais de 1.500 presas.
Pressão Internacional
Em uma carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 30 ex-chefes de Estado afirmam que Nicolás Maduro está buscando ganhar tempo e se aproveita do controle que tem sobre as autoridades venezuelanas para permanecer no poder. Além disso, o grupo rejeitou a ideia de novas eleições no país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução exigindo que a Venezuela publique as atas com o resultado das eleições e um grupo composto por Estados Unidos, União Europeia e mais 21 países publicou uma declaração conjunta para pedir a divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano.
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