O ciclone tropical Freddy continua a sua jornada perigosa e traçou o caminho para quebrar o recorde como ciclone tropical mais duradouro já registrado na história.
A jornada de quase 5.500 milhas do ciclone Freddy pelo sul do Oceano Índico começou na costa sul da Indonésia em 6 de fevereiro de 2023. Atravessou todo o Oceano Índico Sul e atingiu a costa em Madagascar e 21 de fevereiro e Moçambique após 3 dias.

A tempestade trouxe fortes chuvas e inundações durante vários dias antes de retornar ao Canal de Moçambique, captando energia das águas quentes ao longo do caminho, e em seguida, movendo-se em direção à costa sudoeste de Madagascar.
Tropical cyclone #Freddy threatens Madagascar and Mozambique for a SECOND time with rain, floods.#Freddy became named storm near Australia on 6 Feb. WMO is monitoring whether it will become the longest lasting cyclone on record.#EarlyWarningsForAll
🔗https://t.co/QRHqP1T6RL pic.twitter.com/MWfz7siV6c— World Meteorological Organization (@WMO) March 7, 2023
Seu ressurgimento deixou os meteorologistas perplexos com sua constante mudança de direção e vários feitos recordes. Freddy intensificou quatro vezes distintas, a primeira para um ciclone tropical no hemisfério sul. Agora também detém o recorde mundial do que é conhecido como “energia ciclônica acumulada”, uma métrica para medir a força de um ciclone ao longo do tempo.
Segundo o escritório de assuntos humanitários da ONU, na segunda-feira, quatro pessoas morreram em Madagascar devido às últimas chuvas, elevando o número total de mortos para 21. Mais de 3100 pessoas foram deslocadas e mais de 3300 casas foram inundadas ou destruídas.

Atualmente o ciclone está afastado da costa, mas a previsão é de que se intensifique ao se aproximar novamente de Moçambique. A tempestade pode atingir a costa no final da semana, embora a previsão ainda seja muito incerta.
O Malawi está enfrentando atualmente um surto de cólera mais mortal já registrado na história, além de lutar contra casos contínuos da COVID-19. A região faz parte da trajetória prevista do Freddy caso ele venha a atingir a costa de Moçambique no final de semana, e pode causar grandes estragos.
A situação é particularmente difícil porque os recursos nacionais são limitados enquanto o país luta para recuperar do impacto da COVID-19 , explicou o responsável da UNICEF. “O sistema de saúde está sobrecarregado, os profissionais de saúde estão realmente no limite há muitos meses; e estes são tempos realmente difíceis para as crianças no Malawi.”
A Tempestade bateu recorde na história em duração e maior energia
Segundo a NASA, ciclone Freddy estabeleceu o recorde por ter a maior energia de ciclone acumulada (ACE) de qualquer tempestade do hemisfério sul na história. Essa energia é um índice usado para medir a quantidade total de energia eólica associada a um ciclone tropical ao longo de sua vida útil.
Meteorologicamente, o Freddy tem sido uma tempestade rara e notável, pois sua jornada por todo o Oceano Índico e em Madagascar é muito peculiar.
A OMM continua em alerta e observando o desenvolvimento do ciclone tropical por mais dias após bater o recorde de 31 dias. A tempestade que detinha este recorde era o tufão John no Pacífico Central, com duração de 31 dias em 1994. Se o Freddy continuar nesse ritmo, pode ser estabelecido mais dias de ciclone tropical e mais recordes.
Lembrança com a tempestade “Great Red Spot” de Júpiter em proporções minúsculas
A tempestade Freddy bateu o recorde de duração no planeta Terra, e foi impossível não comparar com o fenômeno que dura mais de 358 anos em Júpiter, a “Great Red Spot” ou Grande Mancha Vermelha, uma região persistente de alta pressão na atmosfera do planeta, o maior do sistema solar, produzindo uma tempestade anticiclônica que também é a maior do Sistema Solar.
Localizado 22 graus ao sul do equador de Júpiter, produz ventos de até 432 km/h (268 mph). Acredita-se que as observações de 1665 a 1713 sejam da mesma tempestade; se estiver correto, ele existe há pelo menos 358 anos. Foi observado em setembro de 1831, com 60 observações registradas entre então e 1878, quando as observações contínuas começaram.
Apesar de serem proporções absolutamente diferentes, já que o “Great Red Spot” tem cerca de três vezes o diâmetro da Terra (40.000 Km), é um fato curioso para se comparar.