Bomba Nuclear explodiu! Como os militares detectam a radiação?

Saiba como os militares e as unidades especializadas em treinamento e conduta de manejo dos resíduos nucleares identificam a radiação nuclear em determinado perímetro

A liberação de radiação é um fenômeno exclusivo das explosões nucleares. Existem vários tipos de radiação emitida; esses tipos incluem radiação gama, nêutron e ionizante e são emitidos não apenas no momento da detonação (radiação inicial), mas também por longos períodos de tempo após, conhecida como radiação residual.

A radiação nuclear inicial é definida como a radiação que chega durante o primeiro minuto após uma explosão e é principalmente radiação gama e radiação de nêutrons.

Conforme demonstra o Instituto Atomic Archive, o nível de radiação nuclear inicial diminui rapidamente com a distância da bola de fogo até onde menos de um Roentgen, uma unidade de medida legada para a exposição de raios-X e raios-gama, pode ser recebido a cinco milhas do ponto zero.

Além disso, a radiação inicial dura apenas enquanto ocorre a fissão nuclear na bola de fogo. A radiação nuclear inicial representa cerca de 3 por cento da energia total em uma explosão nuclear.

Embora as pessoas próximas ao ponto zero possam receber doses letais de radiação, elas estão sendo mortas ao mesmo tempo pela onda de choque e pelo pulso térmico.

Em armas nucleares típicas, apenas uma proporção relativamente pequena de mortes e ferimentos resulta da radiação inicial.

Já a radiação residual de uma explosão nuclear provém principalmente da precipitação radioativa. Essa radiação vem dos destroços da arma, produtos da fissão e, no caso de uma explosão no solo, do solo irradiado.

Existem mais de 300 produtos de fissão diferentes que podem resultar de uma reação de fissão. Muitos deles são radioativos com meias-vidas amplamente diferentes.

Alguns são muito curtos, ou seja, frações de segundo, enquanto alguns são longos o suficiente para que os materiais possam ser um perigo por meses ou anos. Seu principal modo de decaimento é pela emissão de partículas beta e radiação gama.

Para o nosso corpo, há sérias consequências! Certas partes do corpo são especificamente afetadas pela exposição a diferentes tipos de fontes de radiação.

Vários fatores estão envolvidos na determinação dos efeitos potenciais à saúde da exposição à radiação.

Esses incluem a dose de energia depositada no corpo, a capacidade da radiação de prejudicar o tecido humano e quais órgãos são afetados, destes, o fator mais importante é a quantidade da dose.

Mas como os militares e as unidades especializadas em treinamento e conduta de manejo dos resíduos nucleares identificam a radiação nuclear em determinado perímetro ou cidade?

Por exemplo, há no Exército Brasileiro, o Curso de Especialização em Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear que visa habilitar o militar, especialmente o sargento do Exército, a ocupar cargos e desempenhar funções nas seções de Estado-Maior e nas frações das organizações militares especializadas em Defesa nuclear, por exemplo, o lendário 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear.

Embora muitos materiais radioativos sejam sólidos metálicos prateados em seu estado puro, a radiação não pode ser vista, ouvida, cheirada, provada ou sentida.

Por essas razões, a simples inspeção visual é insuficiente para identificar materiais radioativos, e as fontes de radiação podem ser virtualmente impossíveis de reconhecer sem marcações especiais.

Para resolver esses problemas, os militares desenvolveram alguns importantes e principais instrumentos para detectar e identificar materiais radioativos e radiação ionizante:

O Detector de radiação pessoal (DRP) é um detector de radiação gama e de nêutron vestível, aproximadamente do tamanho de um pager, muito simples.

Quando exposto a níveis elevados de radiação, o dispositivo emite um alarme com luzes intermitentes, tons e / ou vibrações.

A maioria dos DRPs exibe numericamente a intenção de radiação detectada em uma escala de 0 a 9 e, portanto, pode ser usada para localizar uma fonte de radiação; no entanto, eles normalmente não são tão sensíveis quanto medidores de pesquisa portáteis e não podem identificar o tipo de fonte radioativa.

Já o Medidor de pesquisa portátil (MPP ou HSM em inglês), como o nome indica, é um detector de radiação portátil, que normalmente mede a quantidade de radiação presente e fornece essas informações em uma exibição numérica em unidades de contagens por minuto, ou pulsos por segundo em microroentgênio (µR) ou microrema (µrem) por  utilizado por militares em Chernobyl, para estabelecer limites dos perímetros.

Outro instrumento é o Contador Geiger, um medidor específico, conhecido como telectetor, projetado especificamente para detectar radiação gama e de raios-x.

Nomeado por sua capacidade de “telescópio”, este dispositivo pode ser estendido até cerca de 4 metros (13 pés) para medir taxas de dosagem muito altas sem sujeitar o militar especialista a uma exposição desnecessária. Além disso, esses dispositivos normalmente têm a capacidade de medir taxas de dosagem que variam de 0 a 1.000 rad por hora.

O Dispositivo de identificação de isótopos de radiação (na sigla RIID) é outro dispositivo com a capacidade de analisar o espectro de energia da radiação, a fim de identificar o material radioativo específico (o radionuclídeo) que está emitindo a radiação.

E por fim, não menos importante, porém muito caro e que exige infraestrutura, é o Monitor de Radiação Portal, o RPM, um grande monitor de radiação de passagem (ou “portal”) para pessoas, veículos, caixas de contêineres ou trens.

Normalmente, esses dispositivos consistem em dois pilares contendo detectores de radiação, que são monitorados remotamente por militares ou policiais especializados em fronteiras ou áreas estratégicas de escoamento de produtos a partir de um painel de exibição.

Esses monitores emitem um alarme para indicar a presença de materiais radioativos, incluindo materiais de baixa radiação como o urânio.

São dispositivos que trabalham especificamente na identificação e controle de radiações nucleares que exigem o prévio conhecimento do militar para o manuseio correto, a fim de gerar resultados quantitativos que indicará o nível de comprometimento de determinado perímetro ou material para fornecer segurança aos civis.

Atomic Archive, US NRC, Felipe Moretti

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Felipe Moretti
Felipe Moretti
Jornalista com foco em geopolítica e defesa sob registro 0093799/SP na Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Especialista em análises via media-streaming há mais de 6 anos, no qual é fundador e administrador do canal e site analítico Área Militar. Possui capacidade técnica para a colaboração e análises em assuntos que envolvam os meios de preservação e manutenção da vida humana, em cenários de paz ou conflito.
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