Como está a Aeronave Hipersônica Brasileira 14-X?

As grandes potências já chegaram ao patamar de velocidades acima de Mach 10 com plataformas aéreas bélicas adaptadas nas funções de carreadoras de ogivas que impossibilitam a operação de quaisquer sistemas de defesa aérea, ou seja, até o momento, segundo autoridades russas responsáveis pelo sucesso do míssil russo hipersônico Kinzhal, nenhum sistema consegue identificar e neutralizar tecnologia hipersônica com eficiência comprovada.

Míssil russo Kinzhal

A impossibilidade de neutralização total se deve a duas principais vertentes, velocidade e capacidade de manobra, e isso desperta interesse há anos de muitas nações, inclusive o Brasil.

O Brasil está desenvolvendo uma aeronave não tripulada hipersônica por meio de um projeto do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), divisão de pesquisas do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira (FAB), em parceria com a empresa Orbital Engenharia, ambos de São José dos Campos (SP).

A Orbital entregou ao IEAv a documentação do “Projeto Detalhado do Demonstrador Tecnológico SCRamjet 14-XS” que teve início há mais de 14 anos, em 2007, tecnologia que permite ao dispositivo ultrapassar velocidades acima de 6.000 km/h.

O projeto 14-X foi batizado com esse nome em homenagem ao 14-Bis de Santos Dumont, e vai colocar o Brasil em um seleto grupo de países com capacidade de propulsão hipersônica.

O tão aguardado teste de voo estava previsto para 2020 na Operação Cruzeiro conduzida a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, com a aeronave hipersônica 14-X comportando-se como carga útil ao Veículo Acelerador Hipersônico (VAH), sendo a função do foguete de sondagem brasileiro VSB-30 que, ao atingir a velocidade de aproximadamente 7.500 km/h na estratosfera terrestre, o ensaio seria iniciado no 14-X.

O foguete VSB-30 é um dispositivo desenvolvido e fabricado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço em parceria com a Alemanha, colocando o Projeto 14-X nas condições de operação estabelecidas de altitude, longitude, latitude e velocidade.

Tudo levava as expectativas ao ano de 2020, entretanto, os ensaios foram adiados. Segundo o Duda Falcão ao Brazilian Space, a terrível suspensão dos testes foi devida ao próprio Instituto de Aeronáutica que, “em cima da hora”, decidiu mexer na configuração do VSB-30, já que foram identificados alguns problemas com a estabilidade do veículo, prováveis vibrações, o que exigirá que o instituto venha reprojetar o veículo com quatro empresas e não três como estava previsto.

Maquete 14X na LAAD 2011. Nunão/Forças de Defesa

Acredita-se que a Operação Cruzeiro terá apoio do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) em Parnamirim, no RN, utilizado como uma estação remota para rastreio redundante da trajetória acima da mesosfera terrestre.

A intenção do comando e controle de Parnamirim, segundo Dermeval Carinhana, Chefe da Divisão de Aerotermodinâmica e Hipersônica do Instituto Espacial, é buscar nos primeiros ensaios de voo as informações primorosas de telemedida aerotermodinâmicas associados à condição de partida do motor, para validar e otimizar os modelos computacionais e dados experimentais obtidos em laboratório.

Até hoje poucos países testaram veículos hipersônicos, mas essa é uma corrida que remonta desde os anos 1960. A primeira aeronave a alcançar a velocidade hipersônica, que começa a partir 6.150 km/h (cinco vezes a velocidade do som) foi o protótipo North American X-15, desenvolvido pela força aérea dos EUA e a NASA. Neil Armstrong, que mais adiante se tornaria o primeiro homem a pisar na Lua, foi um dos pilotos de testes do X-15.

A Operação Cruzeiro, com o ensaio da aeronave hipersônica brasileira 14-X, está prevista para agosto deste ano, ainda de acordo com o especialista Duda Falcão. Os anseios para o tão projeto 14-X ser sucesso são altos, tanto pelos civis quanto pelos militares, para assim elevar o Brasil a patamares aeroespaciais nunca antes vistos e capacitar a indústria do setor com novas tecnologias e engenharias.

Com informações complementares Força Aérea Brasileira, BrazilianSpace, Aeroflap, Forças de Defesa, Felipe Moretti via Redação Área Militar

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