Encontrado o reator nuclear do mais azarado submarino soviético, o K-19 “Hiroshima”

Um grande reator nuclear de um dos submarinos soviéticos mais azarado da história foi encontrado no Mar de Kara.

Uma equipe aeromóvel de resgate da Rússia encontrou no fundo do mar de Kara, em 3 de setembro, o reator nuclear do submarino soviético K-19 Hiroshima, um objeto nuclear valioso que está compartimentado dentro de um contêiner.

A União Soviética começou a construir seu primeiro submarino nuclear equipado com mísseis balísticos em 1958, sendo o submarino K-19 do Projeto 658, concluído em 12 de novembro de 1960.

A capacidade do K-19 era incrível, havia três mísseis nucleares balísticos no submarino, cada um com alcance de 650 km e podia operar a uma profundidade máxima de 150 m, apesar de esta profundidade ser considerável nos dias atuais, na época era um alcance impressionante.

A construção do K-19 foi apressada, pois os líderes soviéticos estavam determinados a construir uma frota de submarinos nucleares que rivalizaria com os Estados Unidos.

A produção e os testes foram apressados, de julho a novembro de 1960, os testes de mar do K-19 foram atormentados por avarias.

No entanto, em 18 de junho de 1961, o K-19 partiu em sua primeira missão, como um atacante dos EUA no Oceano Atlântico.

De acordo com Daniel Lowet, 16 dias se passaram, em 4 de julho, o K-19 passou a ter uma avaria impensável, um vazamento radioativo enquanto submergia o Oceano Atlântico Norte.

Acredita-se que a causa provável do vazamento tenha sido um incidente durante os testes de inicialização de um dos dois reatores do tipo VM-A, onde o primeiro teste de pressão atingiu 400 atm devido a um mau funcionamento do manômetro, sendo a pressão projetada dos engenheiros de apenas 200 atm, então isso resultou em danos à tubulação de resfriamento do reator no sistema primário.

O responsável pelo teste, entretanto, não relatou o incidente aos seus superiores. A cascata de erros se seguiu, e como não havia relato, o submarino não passou por reparo.

Esta queda na pressão levou à fervura da água do reator, e a temperatura da sala do coração da embarcação chegou pelo menos a 800 ° C.

Como consequência desse superaquecimento, um incêndio tomou forma, mas logo controlado, mas o problema ainda estava lá: a falta de resfriamento do núcleo do reator.

Foi então que a tripulação, protegida apenas por capas de chuva e máscaras de gás, teve que entrar no compartimento do reator e consertar o vazamento, em um esforço para evitar que o submarino explodisse.

Embora a tripulação tenha evitado o derretimento do combustível e uma possível explosão de vapor, eles se expuseram a doses de radiação de 50 a 60 sievert (Sv) na forma de gás nocivo e vapor.

A tripulação foi evacuada para um submarino a diesel nas proximidades do incidente, e o K-19 foi rebocado para sua base na Península de Kola.

O submarino foi então reparado e trazido de volta ao serviço, substituindo o compartimento do reator do submarino por uma nova unidade de energia nuclear.

Os dois reatores danificados e seu combustível foram despejados na Baía de Abrosimova no Mar de Kara em 1965.

Houve então outro incidente com o reator K-19 em 1972, e o submarino foi apelidado de Hiroshima por causa dos inúmeros incidentes.

Nesses diversos anos de incidentes e afundamento de reatores nucleares soviéticos nas quatro baías do mar de Kara, os reatores ali depositados propositalmente servem como tesouros aos expedicionários do Ministério para Situações de Emergência da Rússia.

No dia 2 de setembro, uma equipe de expedição de busca de objetos radioativos do Ministério junto com cientistas do Instituto de Oceanologia da Academia de Ciências russa, estava operando no Oceano Ártico, e identificou um objeto contêiner com um veículo submarino remotamente controlado Falkon como sendo o reator atômico do submarino soviético K-19 Hiroshima.

O encontro resultou em direcionamento para agora ser examinado e posteriormente realizar uma análise espectral e coleta de material vegetal da superfície.

O achado se dá enquanto o Ministério Russo realiza uma busca de materiais potencialmente perigosos no fundo do mar de Kara.

A região se tornou um verdadeiro cemitério de lixos nucleares nas últimas décadas, após diversos afundamentos de objetos que sofreram algum tipo de avaria durante testes de mar.

Só na fosse de Novozemelskaya, há cerca de 1,2 mil fragmentos radioativos perigosos, e essa descoberta poderá fomentar o estudo da decomposição, perigo e a segurança dos produtos radioativos.

Após o primeiro incidente com o submarino K-19, em questão de dias, oito membros da tripulação que consertaram o vazamento morreram de envenenamento por radiação.

Com informações Stanford University, Daniel Lowet, Sputnik News Ru, Felipe Moretti

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Felipe Moretti
Felipe Moretti
Jornalista com foco em geopolítica e defesa sob registro 0093799/SP na Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Especialista em análises via media-streaming há mais de 6 anos, no qual é fundador e administrador do canal e site analítico Área Militar. Possui capacidade técnica para a colaboração e análises em assuntos que envolvam os meios de preservação e manutenção da vida humana, em cenários de paz ou conflito.
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