EUA e Rússia procuram aliviar as tensões na primeira reunião sob Biden

Os ministros das Relações Exteriores dos EUA e da Rússia buscaram aliviar as tensões em sua primeira reunião desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, dizendo que estavam prontos para cooperar, mas reconhecendo o grande abismo que os separava.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, descreveu as negociações em Reykjavik na quarta-feira, destinadas em parte a confirmar uma possível cúpula entre os presidentes Biden e Vladimir Putin, como “construtivas”.

“Há uma compreensão da necessidade de superar a situação insalubre nos laços entre Moscou e Washington”, disse Lavrov a repórteres, embora tenha acrescentado que há “muitos impasses”.

Durante quase duas horas de discussões, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou as “profundas preocupações” de Washington sobre as tropas russas concentradas ao longo da fronteira com a Ucrânia, apesar de um recuo anunciado, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

Blinken também expressou a inquietação dos EUA sobre a saúde de Alexei Navalny, opositor ao governo russo preso recentemente, e a “repressão” dos movimentos de oposição, acrescentou o porta-voz.

Embora não tenha havido nenhum avanço, as discussões foram “produtivas, construtivas, respeitosas e honestas”, disse um funcionário dos EUA a jornalistas.

Desde que assumiu a Casa Branca em janeiro, Biden adotou uma postura firme contra a Rússia, chegando a descrever Putin como um “assassino”, em nítido contraste com seu antecessor, Donald Trump, que foi acusado de complacência com o líder russo.

No início das negociações, Blinken disse “nossa visão é que se os líderes da Rússia e dos Estados Unidos puderem trabalhar juntos de forma cooperativa o mundo pode ser um lugar mais seguro e protegido”.

“Mas se a Rússia agir agressivamente contra nós, nossos parceiros, nossos aliados, responderemos”, alertou, reiterando que Washington deseja uma relação “previsível e estável” com Moscou.

“Estamos prontos para discutir todas as questões, sem exceção, se entendermos que as discussões serão honestas e baseadas na confiança mútua”, respondeu Lavrov.

Tensões sobre o Ártico

As declarações feitas antes das conversações face a face à margem da reunião do Conselho do Ártico na Islândia não pareceram ser um bom sinal para uma redução das tensões.

Blinken pediu que o Ártico se tornasse um laboratório de cooperação focado em desafios comuns, como a luta contra o aquecimento global.

Mas Lavrov emitiu um alerta com palavras fortes na segunda-feira.

“Há muito tempo está absolutamente claro para todos que este é o nosso território, esta é a nossa terra”, disse Lavrov em entrevista coletiva em Moscou.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, ao mesmo tempo, acusou a Noruega de “tentar justificar a necessidade de a Otan entrar no Ártico”.

Ele insistiu que a atividade militar russa na região era “absolutamente legal”.

O alerta russo levou Blinken na terça-feira a enfatizar que Washington queria “evitar uma militarização” do Ártico.

“Estamos preocupados com o aumento das atividades militares no Ártico. Isso aumenta os perigos ou as perspectivas de acidentes”, disse Blinken.

“Limpando escombros”

Houve alguns sinais de descongelamento das relações pouco antes da reunião, quando a Casa Branca anunciou que não sancionaria a principal empresa envolvida no projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha, Nord Stream AG, e seu diretor administrativo.

Sanções ainda estão planejadas contra algumas entidades, mas o governo Biden quer evitar antagonizar Berlim e, ao fazer isso, liberou um grande obstáculo para o oleoduto seguir em frente.

Enquanto isso, Lavrov enfatizou a necessidade de “construir e manter pontes e diálogo” e disse que estava pronto para “limpar os escombros que sobraram das administrações anteriores dos EUA”.

Uma prioridade era garantir o funcionamento adequado das missões diplomáticas dos EUA e da Rússia, atualmente reduzidas ao serviço mínimo após as expulsões de diplomatas na mesma moeda.

Biden e Putin concordaram em princípio em realizar sua primeira cúpula, possivelmente em junho na Europa, após uma cúpula do G7 e uma reunião de líderes da OTAN.

Na segunda-feira, Blinken disse que espera que a cúpula aconteça nas próximas semanas.

Mas questionado após a reunião se a Rússia havia concordado formalmente com a cúpula, Lavrov não respondeu.

Ele disse que reiterou a sugestão de Moscou de iniciar um amplo diálogo com os Estados Unidos sobre estabilidade estratégica e que Blinken não fez objeções.

“Mas os especialistas ainda precisam trabalhar nisso”, acrescentou.

Francesco Fontemaggi, The Moscow Times – via Redação Área Militar

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