Claus Hjort Frederiksen, membro do Partido Liberal da Dinamarca (centro-esquerda) que anteriormente atuou como ministro da Defesa e das Finanças, confirmou na sexta-feira passada que foi acusado de violar uma seção do código penal que inclui traição por divulgar segredos de Estado.
De acordo com uma reportagem do jornal diário dinamarquês Berlingske e pela BBC UK, Frederiksen confirmou as acusações feitas contra ele em um comunicado de imprensa publicado na sexta-feira pelo Partido Liberal, poucos dias depois que foi revelado que Lars Findsen, o chefe de inteligência estrangeira do país, havia sido preso por supostamente vazando informações “altamente classificadas”.
“Posso confirmar que fui acusado nos termos do artigo 109 do Código Penal por violar os limites da minha liberdade de expressão. Eu me expressei como membro do parlamento em uma questão política e não tenho mais nada a acrescentar nesta fase”, escreveu Frederiksen no comunicado.
O ex-ministro acrescentou que “nunca sonharia em fazer algo que pudesse prejudicar a Dinamarca ou os interesses da Dinamarca”.
Se ele for condenado por violar esta disposição específica do código penal, popularmente conhecida como “cláusula do traidor”, a mesma cláusula que o chefe do Serviço de Inteligência de Defesa dinamarquês é acusado de violar, Frederiksen pode ser condenada até 12 anos de prisão.
Embora os detalhes do caso permaneçam totalmente obscuros, alguns na imprensa dinamarquesa especularam que as acusações podem estar relacionadas à investigações de denúncias de colaborações de políticos e empresários europeus, que efetuaram tráfico de influência e ajudaram a incluir prováveis agentes colaboradores que agiam em interesses de potências estrangeiras, provavelmente a China.
Existem também denúncias mais antigas sobre uma entrevista que Frederiksen deu em 2020, onde ele parecia confirmar a existência de um programa de espionagem altamente confidencial no qual as autoridades dinamarquesas concederam aos EUA acesso de inteligência a dados coletados na Dinamarca para fins de espionagem na época do governo Obama.
Em 2021, a Danish Broadcasting Corporation (DR) informou sobre a existência da operação obscura de coleta de inteligência entre os EUA e a Dinamarca, alegando que de 2012 a 2014 o Serviço de Inteligência de Defesa da Dinamarca (FE) havia permitido que a Administração Nacional de Segurança dos EUA (NSA ) para recolher dados sobre cidadãos dinamarqueses e vários líderes europeus, incluindo a ex-chanceler alemã Angela Merkel.
Acredita-se que o caso contra o chefe de inteligência da Dinamarca também esteja relacionado à mesma operação de espionagem e também de outras nações com interesses em segredos da OTAN.
A matéria principal foi elaborada por Robert Semonsen, um jornalista político baseado na Europa Central. Seu trabalho tem sido destaque em vários meios de comunicação de língua inglesa na Europa e nas Américas. Ele tem uma formação educacional em ciências biológicas e médicas.
Investigação do Reino Unido sobre colaboradores pró-China
Analistas europeus e jornalistas investigativos já encontraram diversas evidências que o caso do ex-ministro dinamarquês pode estar ligado também ao caso recém descoberto no Reino Unido, onde diversos políticos estão sob investigação, devido à denúncias de recebimento de grandes somas de dinheiro de empresários chineses e britânicos de origem chinesa.
O serviço de inteligência interno da Grã-Bretanha alertou que um advogado de Londres está tentando “interferir secretamente na política do Reino Unido” em nome do Partido Comunista Chinês.
A presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, enviou na quinta-feira aos parlamentares um alerta da agência de espionagem MI5 alegando que Christine Lee estava agindo em coordenação com o Departamento de Trabalho da Frente Unida do partido chinês.
O MI5 disse que Lee facilitou doações a partidos políticos e legisladores britânicos “em nome de estrangeiros”.
Os membros do Parlamento são obrigados a declarar a fonte das doações que recebem, que devem ser de eleitores ou entidades registradas no Reino Unido.
Na sexta-feira, a China descartou o aviso como “irresponsável” e disse que os responsáveis ??pela acusação podem estar “obcecados demais” pelos filmes de James Bond 007.
O MI5 disse que o Departamento de Trabalho da Frente Unida – uma organização dedicada a exercer influência chinesa no exterior – está buscando “cultivar relacionamentos com figuras influentes”.
A agência disse que o objetivo é garantir que o cenário político do Reino Unido seja “favorável” à agenda do Partido Comunista Chinês e “desafiar” quaisquer preocupações de direitos humanos que sejam levantadas.
- Com informações The Europeam Conservative, EuroNews, Voice of Europe, France Inter e berlingske.dk via redação Orbis Defense Europe/Genebra.
- Link para a matéria do berlingske.dk: https://www.berlingske.dk/politik/claus-hjort-sigtet-for-at-roebe-statshemmeligheder-0
- Link para a matéria do Euronews: https://www.euronews.com/2022/01/14/denmark-s-former-defence-minister-arrested-over-leak-of-state-secrets