Governo do Mali negociando serviços do Wagner Group

Fontes militares anônimas francesas disseram à agência de notícias da França que o governo do Mali estava se aproximando de um acordo com a polêmica empresa russa, o que enfatizaria a crescente influência de Moscou na região.

A decisão estaria em quase conclusão, devido à pressa que o atual governo militar do Mali tem em combater e erradicar a presença dos grupos terroristas islâmicos, que agem sob orientação do Boko Haram, ISIS e Al Qaeda na região a pelo menos mais de uma década, mesmo com a ajuda de uma força internacional liderada pela França (Força Barkane).

Um dos motivos do atual governo militar do Mali desejar “trocar de parceiros” na luta contra os grupos terroristas islâmicos é que os valores pagos à França nos quadros das compensações de despesas da última década praticamente não surtiram efeitos significativos, principalmente devido as ingerências políticas dos governos dos presidentes Hollande e Macron, que aparentemente negociaram condições em separado com os grupos terroristas islâmicos sem o aval do Governo do Mali.

A ministra da Defesa francesa, Florence Parly, alertou Mali contra um suposto acordo com mercenários russos, em meio a rumores de que o governo militar do país está perto de contratar 1.000 mercenários do mítico Wagner Group. Ainda não se sabe se esse grupo inicial apenas forneceria treinamento e supervisão aos militares do Mali ou se entrariam em combate direto contra as forças dos grupos terroristas islâmicos que atuam na região do Sahel.

“Se as autoridades do Mali celebrassem um contrato com Wagner, seria extremamente preocupante e contraditório, incoerente com tudo o que temos feito durante anos e pretendemos fazer para apoiar os países da região do Sahel”, disse Parly a uma comissão parlamentar.

Em 14 de setembro, um porta-voz do Ministério da Defesa do Mali empregou a expressão ao melhor estilo “não negamos, mas também não confirmamos”.

“O Mali pretende diversificar as suas relações a médio prazo para garantir a segurança do país”, disse o porta-voz à AFP. “Não assinamos nada com o Wagner, mas estamos conversando com todos”.

Quatro fontes não identificadas disseram à Reuters que “Wagner” receberá cerca de seis bilhões de francos CFA (US $ 10,8 milhões) por mês por seus serviços.

A presença dos mercenários colocaria em risco o financiamento de Mali dos parceiros internacionais e missões de treinamento aliadas que ajudaram a reconstruir o exército do Mali.

A França suspendeu a cooperação militar com o Mali em junho de 2020 depois de um gollpe militar, e Macron anunciou planos para fechar bases no norte do Mali e reduzir a presença de tropas francesas na região até 2022.

A chegada de mercenários russos ao Mali seria uma “linha vermelha” para Macron, disse uma das fontes francesas, acrescentando que Paris poderia enviar suas tropas estacionadas no país para o vizinho Níger.

Outra fonte diplomática francesa anônima criticou as intervenções do Grupo Wagner em outros países.

“Uma intervenção deste ator seria, portanto, incompatível com os esforços realizados pelo Sahel do Mali e parceiros internacionais envolvidos na Coalizão pelo Sahel para a segurança e o desenvolvimento da região”, disse a fonte.

À medida que as relações com a França pioraram, o governo militar do Mali aumentou os contatos com a Rússia, incluindo o ministro da Defesa, Sadio Camara, visitando Moscou e supervisionando os exercícios com tanques em 4 de setembro.

Finalmente, um outro diplomata anônimo na embaixada russa no Mali disse à AFP que “não temos conhecimento de nenhum contrato sendo assinado entre Mali e Wagner” e que a embaixada “não foi o intermediário”.

“Como a França e outros países, estamos preocupados com a segurança na região”, disse o diplomata.

Uma infinidade de relatos afirmava que Mali contrataria os mercenários míticos de Wagner, todos baseados em fontes anônimas, principalmente russos que supostamente admitem que Wagner existe, embora todos os oficiais russos que já foram questionados tenham dito que é um conto de fadas…

  • Com informações STFH Analysis & Inteligence, AFP, France24, Voice of Europe e France Inter via redação Orbis Defense Europe/Paris.
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