Pesquisadores franceses publicaram seu relatório em 31 de agosto. Uma conclusão pode ser tirada dos dados aí apresentados: as reservas de tanques russos são muito mais pobres do que o Kremlin gostaria que as pessoas acreditassem.
Uma avaliação realista dos stocks de tanques de Moscovo indica que a indústria russa não tem capacidade para repor as perdas sofridas no campo de batalha.
“Destroços comuns armazenados em campos abertos”
Analistas ocidentais acreditam que qualquer grande ofensiva russa na Ucrânia deveria basear-se em táticas convencionais de ataques massivos de tanques para ter sucesso. Entretanto, o relatório do Institute for Resilience Action indica que a Rússia já não tem esta opção e a sua situação está em constante deterioração.
Dados de especialistas mostram que desde o início da guerra, sete grandes fábricas russas de reparação e manutenção de tanques entregaram um total de 180 a 360 veículos ao campo de batalha. As sanções ocidentais limitaram efectivamente a capacidade dos russos de produzir novos tipos de tanques. Atualmente, peças de modelos mais novos são usadas na Rússia para renovar antigas armas soviéticas.
Segundo especialistas, a Rússia ainda possui estoques significativos de tanques antigos adequados para renovação – provavelmente cerca de 6 mil. veículos. Estas estimativas são contrárias à avaliação de outros grupos de investigação, como o GlobalFirepower, que estima as reservas totais da Rússia em 12.000. 566 veículos.
No entanto, as conclusões dos peritos mostraram que uma percentagem significativa destes tanques em reserva são meros destroços armazenados em campos abertos. Além disso, os russos possuem apenas sete fábricas principais capazes de instalar modernos sistemas ópticos e de comunicação em tanques.
Segundo o relatório, toda a indústria russa entrega atualmente apenas 390 tanques por ano. Isto contrasta fortemente com as afirmações oficiais de Moscovo, que declara que apenas uma das fábricas de tanques russas – Uralvagonzavod – produz 200 tanques por mês e está constantemente a aumentar este número.
“A Rússia não será capaz de proteger as suas fronteiras”
Os relatórios do campo de batalha ucraniano confirmam as conclusões do Resilience Action Institute e desafiam as declarações do Kremlin. Oficiais militares ucranianos, muitos dos quais foram entrevistados pelo The Kyiv Post, enfatizam que as forças russas raramente usam tanques em combate desde a primavera e, quando o fazem, não enviam mais de cinco ou seis veículos de cada vez.
As tripulações dos tanques russos evitam mover-se em espaços abertos. Eles preferem esconder-se atrás das colinas e usar os seus veículos blindados para disparar contra os ucranianos à distância.
O relatório do Institute for Resilience Action indica que a razão para limitar o uso de tanques pela Rússia pode ser a escassez de miras termográficas utilizadas, entre outras, para atirar à noite. Esse equipamento faz parte do equipamento padrão dos tanques da OTAN desde a década de 1980.
Segundo especialistas, a Rússia está desistindo da qualidade de seus tanques, permanecendo pressionada pela necessidade de enviar novos veículos para o front.
“Antes da invasão, os tanques T-72B3 e T-80BVM eram equipados com miras Sosna-U. Atualmente, os veículos estão equipados com a antiga geração soviética de dispositivos de mira 1PN96MT-02, cujo alcance é metade do comprimento”, disse o leituras do relatório.