Em 15 de outubro de 1999 o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou a Resolução 1267, criando o chamado Comitê de Sanções contra a Al-Qaeda e o Talibã, que vincula os dois grupos como entidades terroristas e impõe sanções sobre seu financiamento, viagens e remessas de armas.
A ação da ONU seguiu um período de ascensão do grupo e seu líder, Osama bin Laden, que guiou o grupo terrorista do Afeganistão no Paquistão, no final dos anos 1980, no Sudão, em 1991, e de volta ao Afeganistão em meados de 1990s.
Já o Talibã ressurgiu das cinzas após a guerra civil Afegã, na época era o maior aliado e santuário das operações da Al-Qaeda.
No dia 11 do mês de setembro de 2001, servos de uma ideologia falida da Al-Qaeda tomaram quatro aviões comerciais e os colidiram contra as torres gêmeas em Nova York e no Pentágono, em Washington, DC, no total quase 3 mil pessoas foram ceifadas imediatamente e outras centenas posteriormente pelas consequências do ataque.
Para espanto de alguns, nenhum dos dezenove integrantes do grupo insurgente eram afegãos, mas a maioria saudita, mas por que houve a invasão justamente ao Afeganistão?
Na época, o presidente George W. Bush prometeu “vencer a guerra contra o terrorismo” e conclamou o regime do Talibã no Afeganistão a “entregar às autoridades americanas todos os líderes da Al-Qaeda que se escondem em sua terra” ou que compartilhem de seu destino.
O destino escolhido… todo mundo já conhece! Após quase 20 anos, muitos estavam crentes que a retirada das tropas americanas do país seria o maior feito do governo Biden, até poderia ser, caso uma ampla coordenação e extermínio do grupo insurgente estivesse sido concretizado de fato.
Após avanço e total controle dos insurgentes na maior capital do país, Cabul, a expectativa de paz e a estabilidade social nunca alcançada nesses últimos 20 anos foi enterrada definitivamente.
Um ataque cruel em terras yankees originou uma imensa guerra e invasão no Oriente-Médio, um cenário no passado que se repetiu ontem, 26 de outubro, porém em terras afegãs.
These are scenes of Kabul Bomb blast. This situation is Afghanistan was created by @ImranKhanPTI @OfficialDGISPR and @SMQuraishiPTI with @POTUS
People dying in sewer..Same fate awaits these fellows… pic.twitter.com/gwr267rA4E— Corleone Nair🇹🇯🇮🇱 (@NairCorleone) August 27, 2021
Pelo menos 60 pessoas foram ceifadas e outras 140 ficaram feridas nas explosões no aeroporto de Cabul, disse um alto funcionário público afegão à BBC, e relatado com exclusividade e em primeira mão no Brasil pelo site especializado Orbis Defense Europe antes mesmo de qualquer site no Brasil.
Terror bombs, gunfire kill at least 72 in Afghanistan capital https://t.co/MYzN3nJGmw
— George McKay (@redgeo) August 27, 2021
A Associated Press disse que 40 pessoas foram aniquiladas no ataque e mais de 120 ficaram feridas, mas as imagens da cena sugerem que o número pode ser ainda maior.
Uma primeira explosão foi ouvida perto do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, onde milhares de soldados dos EUA e da OTAN operam sem parar para evacuar seus cidadãos e colaboradores afegãos da capital afegã controlada pelos insurgentes por quase duas semanas.
Two powerful bomb blasts struck the perimeter of Kabul airport yesterday, killing more than 90 people and wounding over 150.
One man who was trying to leave Afghanistan with his family, was at the scene close to the explosion and describes what happenedhttps://t.co/u7YTEPpHTt pic.twitter.com/v6EO824lyo
— BBC World Service (@bbcworldservice) August 27, 2021
As últimas operações dos Aliados para salvar civis já retiraram mais de 100 mil do Afeganistão nos últimos 11 dias. A explosão teria ocorrido perto da entrada do portão da Abadia na parte sudeste do aeroporto, onde as tropas britânicas estão posicionadas.
RFI LIVE BLOG: French evacuation efforts from #Kabul airport have entered their final stages in the wake of devastating bomb attacks that killed dozens of people. Click here to follow the latest developments in #Afghanistan https://t.co/bD2QD9OdaZ pic.twitter.com/P10iknAzrt
— RFI English (@RFI_En) August 27, 2021
Poucos minutos depois, uma segunda explosão foi relatada, desta vez perto do Baron Hotel, fora do aeroporto. Cidadãos americanos estavam reunidos no hotel há alguns dias, antes da evacuação.
Anteriormente, os EUA instaram as multidões que tentavam acessar o Aeroporto Internacional a deixar a área. Além disso, os governos britânico e australiano alertaram sobre uma “grande ameaça” de um ataque.
A província de ISIS-Khorasan (ISIS-KP), cujas células estão presentes e ativas em Cabul, foi a responsável pelo ataque.
O Talibã, que mantém uma forte presença de segurança ao redor do Aeroporto, tem a ganhar com o ataque ao norte, uma espécie de comensalismo a lá parceria Al Qaeda nos anos 90, o que forçaria o ocidente a negociar, mas isso pode resultar em desfecho nada bom aos grupos.
Oficialmente, a invasão ao país ocorreu em 7 de outubro de 2001 com uma chuva de bombardeios contra as forças do Talibã, lançando oficialmente a Operação Liberdade Duradoura, uma fase inicial da guerra que envolveu principalmente ataques aéreos dos EUA contra as forças presentes no Afeganistão que controlava também a política.
O ataque recente em Cabul ceifou pelo menos 13 militares americanos e feriu mais 18, e o presidente Biden destacou que as Forças Armadas Americanas sofreram uma de suas maiores baixas em um único dia durante sua campanha de 20 anos.
O Ultimato de Biden ainda no final da noite dessa quinta-feira, 26 de agosto, foi muito parecido com a declaração de guerra de Bush.
“Para aqueles que realizaram este ataque, bem como para qualquer pessoa que deseja mal à América, saiba o seguinte: Não perdoaremos… Nós não esqueceremos. Vamos caçá-lo e fazer você pagar”, disse Biden.
A invasão do Afeganistão 2.0 nunca esteve tão próxima de acontecer, se no início de 2000 a “campanha 1.0” tinha como objetivo caçar os líderes da AQ e Talibã, neste momento o retorno das tropas é uma realidade para buscar os responsáveis do ISIS, recursos naturais e dos líderes do Talibã que encobertaram os integrantes.
Com informações complementares BBC News, Reuters, AP, CFR, NYT, Orbis Defense Europe, Felipe Moretti