Mercenários Wagner Group mudaram a balança na Guerra da Ucrânia e agora anunciam planos fortificar fronteiras da Rússia

O chefe do Grupo Mercenário Wagner da Rússia, Yevgeny Prigozhin, disse na sexta-feira, 11 de novembro, que sua organização começou a treinar civis em regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia para formar uma milícia e construir fortificações.

“Wagner está ajudando e continuará ajudando a população nas áreas de fronteira a aprender a construir estruturas de engenharia, treinar e organizar uma milícia”, disse Prigozhin.

Segundo Prigozhin, “um grande número de pessoas já está pronto para defender suas terras”.

Suposta área de Kursk que receberá apoio mercenário.

Prigozhin disse que o principal objetivo de Wagner é começar a construir fortificações e escolas de treinamento nas regiões de Belgorod e Kursk, que têm sido alvo de ataques regulares nos últimos meses em ataques atribuídos por Moscou ao Exército ucraniano.

“Se você quer paz, prepare-se para a guerra”, disse ele, insistindo que todo russo tem o direito de defender sua pátria como bem entender.

Membros Wagner na Síria, onde a Rússia exerce forte influência e guarda-chuva para tropas persas.

Prigozhin divulgou em setembro pela primeira vez que fundou o Grupo Wagner em 2014 para lutar na Ucrânia e reconheceu sua presença na África, Oriente-Médio e América Latina.

Isso ocorreu depois de anos de Prigozhin e do Kremlin negando que o grupo existisse, e apesar de ainda ser ilegal servir como mercenário na Rússia.

Os combatentes de Wagner estiveram na vanguarda da ofensiva de Moscou na Ucrânia e um vídeo surgiu em setembro que parecia mostrar Prigozhin oferecendo aos prisioneiros contratos para lutar na Ucrânia em troca de sua libertação antecipada da prisão.

Autoridades ucranianas dizem que milhares de soldados recrutados nas prisões russas foram enviados para a linha de frente.

Prigozhin, que também é acusado há muito tempo de administrar uma “fábrica de trolls” para influenciar a opinião pública nos países ocidentais, também admitiu interferir nas eleições dos EUA.

Anteriormente alguém que evitou os holofotes, Prigozhin, de 61 anos, está se tornando uma figura cada vez mais pública na Rússia, com analistas acreditando que ele pode estar considerando um papel político.

Prigozhin procurado pelo FBI

Atualmente, Prigozhin está sendo procurado pelo FBI e já possui seu rosto estampado no site da instituição federal americana, mais um grande golpe contra a Rússia.

O FBI está oferecendo uma recompensa de até US$ 250.000 por informações que levem à prisão de Yevgeniy Viktorovich Prigozhin.

Segundo o que consta no FBI, Yevgeniy Viktorovich Prigozhin é procurado por seu suposto envolvimento em uma conspiração para fraudar os Estados Unidos, obstruindo e derrotando as funções legais da Comissão Eleitoral Federal, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Isso ocorreu em Washington, DC, do início de 2014 a 16 de fevereiro de 2018. Prigozhin foi o principal financiador da Agência de Pesquisa da Internet (IRA) com sede em São Petersburgo.

Ele supostamente supervisionou e aprovou suas operações de interferência política e eleitoral nos Estados Unidos, que incluíam a compra de espaço de servidor de computador americano, a criação de centenas de personas online fictícias e o uso de identidades roubadas de pessoas dos Estados Unidos.

Essas ações foram supostamente tomadas para atingir um número significativo de americanos com o objetivo de interferir no sistema político dos Estados Unidos, incluindo as eleições presidenciais de 2016.

O FBI está oferecendo uma recompensa de até US$ 250.000 por informações que levem à prisão de Yevgeniy Viktorovich Prigozhin.

O nascimento dos Mercenários Wagner

O Grupo Wagner parece ter surgido da experiência de um ex-oficial das forças especiais e tenente-coronel da Direção Principal do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Federação Russa (agência militar de inteligência), Dmitri Utkin, de 51 anos, principal autor tido como fundador do grupo militar privado e veterano das guerras da Chechênia.

Uma foto de novembro de 2011 mostra Yevgeny Prigozhin (E) auxiliando Vladimir Putin em um banquete perto de Moscou. Reuters

A Rússia tem negado consistentemente que Wagner tenha qualquer ligação com o Estado Russo. Sabe-se que Utkin possui vínculos gortes com Yevgeny Prigozhin, o oligarca conhecido como “chefe de Putin”, assim chamado porque passou de dono de restaurante a investidor direto das ações do Kremlin em vários setores.

Muitas das empresas de Prigozhin estão atualmente sob sanções dos EUA pelo que chama de “influência política e econômica maligna em todo o mundo”. Ele sempre negou qualquer ligação com o Grupo Wagner.

O Grupo Wagner entrou em ação pela primeira vez durante a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. Acredita-se que seus mercenários sejam alguns dos ‘homenzinhos verdes’ que ocuparam a região.

Dirigir um exército mercenário é contra a constituição russa, no entanto, Wagner fornece ao governo uma força que é inegável. Wagner pode se envolver no exterior e o Kremlin pode dizer: “Não tem nada a ver conosco”.

Alguns sugerem que a agência de inteligência militar da Rússia, a GRU, secretamente financia e supervisiona o Grupo Wagner.

Wagner, por exemplo, opera uma instalação de treinamento ao lado da 10ª Brigada de Missão Especial do GRU Spetsnaz (tropa de elite do Exército Russo) em Mol’kino, na Rússia.

As imagens de satélite a seguir indicam a base principal, incluindo um quartel-general, quartéis, treinamento aéreo e cursos de obstáculos, armazenamento de armas e munições e outras instalações militares, bem como a instalação de Wagner de seis acres localizada ao norte da base principal.

CSIS Maxar

Grupo Wagner e a Guerra na Ucrânia

Nas semanas que antecederam a invasão da Ucrânia pela Rússia, acredita-se que os mercenários do Grupo Wagner estiveram envolvidos em uma série de ataques de “bandeira falsa” no leste da Ucrânia, que foram projetados para dar à Rússia um pretexto para atacar.

Cerca de 1.000 de seus mercenários apoiaram as milícias pró-Rússia que lutavam pelo controle das regiões de Luhansk e Donetsk.

Três mercenários do Grupo Wagner são acusados ??pelos promotores ucranianos de terem cometido crimes de guerra na vila de Motyzhyn, perto de Kiev, em abril, ao lado de tropas russas regulares.

Putin e Companhias Militares Privados (PMCs)

As companhias ou grupos militares privados estão intimamente ligadas a oligarcas russos próximos a Putin, como o proprietário de Wagner, Yevgeny Prigozhin, e a maioria opera por meio de links não oficiais com o governo russo.

Isso inclui o Kremlin, o Ministério da Defesa da Rússia (particularmente a Diretoria Principal de Inteligência, ou GRU), o Serviço Federal de Segurança (FSB) e o Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR).

Uma foto divulgada pelo Serviço de Segurança da Ucrânia supostamente mostra mercenários russos na Síria. Foto: SB

A Rússia aumentou seu uso de PMCs como ferramenta de política externa e guerra irregular desde aproximadamente 2015. Esse crescimento foi provavelmente impulsionado pelo desejo de Moscou de expandir sua influência depois de anexar a Crimeia em 2014 e depois iniciar uma guerra no leste da Ucrânia, onde as PMCs atuaram um papel fundamental.

Patrocinado por Google

Deixe uma resposta

Felipe Moretti
Felipe Moretti
Jornalista com foco em geopolítica e defesa sob registro 0093799/SP na Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Especialista em análises via media-streaming há mais de 6 anos, no qual é fundador e administrador do canal e site analítico Área Militar. Possui capacidade técnica para a colaboração e análises em assuntos que envolvam os meios de preservação e manutenção da vida humana, em cenários de paz ou conflito.
ARTIGOS RELACIONADOS

Descubra mais sobre Área Militar

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading