De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia Dmytro Kuleba, em mais uma declaração que contradiz a narrativa dos EUA e de alguns países membros da OTAN; “A Rússia não tem tropas suficientes para montar uma “invasão em grande escala”…
O ministro Dmytro Kuleba disse a repórteres durante uma coletiva de imprensa recente:“O número de tropas russas concentradas ao longo da fronteira da Ucrânia e territórios ocupados da Ucrânia é grande, representa uma ameaça à Ucrânia, uma ameaça direta à Ucrânia; no entanto, no momento, enquanto falamos, esse número é insuficiente para uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia ao longo de toda a fronteira ucraniana”.
Abaixo, o vídeo com a declaração do ministro:
O ministro também declarou que tem receios de que o ocidente tome decisões inadequadas sem antes consultar o governo ucraniano:
We had seen the written response of the U.S. before it was handed over to Russia. No objections on the Ukrainian side. Important that the U.S. remains in close contact with Ukraine before and after all contacts with Russia. No decisions on Ukraine without Ukraine. Golden rule.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) January 27, 2022
A Rússia continua negando que esteja se preparando para lançar um grande ataque, mas o presidente dos EUA, Joe Biden, e seus assessores dizem que Moscou poderia “atacar em pouco tempo” com os mais de 100.000 soldados que enviou ao longo das fronteiras da Ucrânia.
A declaração de Kuleba aconteceu depois que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, exortou os ucranianos durante uma transmissão nacional a permanecerem calmos, mas sem “ilusões infantis” sobre a magnitude da ameaça russa. “Proteja seu corpo de vírus, seu cérebro de mentiras, seu coração de pânico”, ele pediu.
O líder ucraniano discordou da evacuação desta semana pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália de alguns funcionários de suas embaixadas, dizendo aos ucranianos que a evacuação não significa que a escalada é inevitável. Autoridades ucranianas expressaram frustração no início desta semana com a saída de alguns diplomatas ocidentais e suas famílias, dizendo que era prematuro.
Informalmente, fontes do governo ucraniano revelaram que o presidente Zelensky estaria furioso com o governo dos EUA e Reino Unido por fomentarem pânico na população com as notícis que ele considerou exageradas sobre os fatos, mas que frente ao envio de armas, equipamentos e ajuda financeira o presidente Zelensky teria finalmente relevado a situação.
Um alto funcionário do governo disse à Voice of America que as evacuações minaram os esforços para acalmar os temores dos ucranianos comuns. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha também disseram a seus cidadãos para sair. “Dado que o presidente disse que uma ação militar da Rússia pode acontecer a qualquer momento, o governo dos EUA não estará em condições de evacuar cidadãos americanos”, disse um porta-voz do Departamento de Estado no início desta semana.
De acordo com autoridades ucranianas, Zelenskiy abordou a questão das evacuações durante a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Kiev, na semana passada, dizendo que retirar a equipe agora seria uma “reação exagerada” e enviaria uma mensagem inconsistente à Rússia, bem como um alerta imediato – algo Moscou poderia explorar.
População aparentemente acredita mais nas mídias ocidentais que no seu presidente
Os ucranianos convivem com ameaças russas há quase oito anos, desde o levante Maidan de 2014, que derrubou o presidente Viktor Yanukovych, um aliado do presidente russo Vladimir Putin. Na região de Donbas, no leste da Ucrânia, que representantes armados pró-Moscou apreenderam após a revolta de Maidan, os combates aumentaram e fervilharam, deixando mais de 15.000 mortos.
Mas com mais de 100.000 soldados russos acampados ao longo de suas fronteiras e ameaçando a maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, os ucranianos comuns estão no limite. Muitos estão formulando planos de contingência e de voos em caso de invasão, incluindo estocagem de itens essenciais e preparação de seus pertences caso precisem fugir.
Os ucranianos têm trocado dicas em plataformas de mídia social sobre como se preparar para a guerra, inclusive no Facebook sob a hashtag #???????? (#weareready). “Toda família quer aprender a se preparar para uma emergência e fazer o que for necessário com antecedência”, postou Valeriy Pekar, um acadêmico.
Como gerenciar a ansiedade é uma questão política, diz ele. “Fingir que nada está acontecendo significa que quando algo acontecer, o pânico será inaceitavelmente alto. Se você insistir agora, o pânico será inaceitavelmente alto agora. Vejo a única estratégia possível: aumentar o nível de ansiedade aos poucos para que as pessoas pensem, se acostumem, comecem a fazer alguma coisa aos poucos”, diz.
O Ministério da Cultura e Política de Informação da Ucrânia emitiu um Folheto de Emergência de Guerra com dicas sobre quais preparativos as famílias devem fazer e como reagir se a guerra estourar. Em Kiev, porém, há poucos sinais óbvios de alarme, e os bancos não estão relatando nenhum saque pesado de dinheiro.
O ex-ministro da Defesa da Ucrânia, Andriy Zagorodnyuk, também deu uma nota de segurança, dizendo em um artigo de jornal na segunda-feira que o Kremlin ainda não reuniu tropas suficientes para lançar uma operação em grande escala.
Zagorodnyuk diz que a Rússia precisaria de uma força de várias centenas de milhares para encenar uma invasão. Entre os elementos que faltam, indica, encontram-se os hospitais de campanha móveis, salientando que vários grupos tácticos dos batalhões não têm o seu conjunto completo de tanques e viaturas blindadas. “Se a Rússia estivesse realizando preparativos para uma invasão em larga escala, teria sido muito mais perceptível”, disse Zagorodnyuk.
Enquanto isso, a secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss, pediu aos aliados da Otan que “façam mais” para pressionar a Rússia e apoiar a Ucrânia. “Gostaríamos de ver nossos aliados fazendo mais para ajudar a fornecer apoio defensivo à Ucrânia”, disse ela.
Truss acrescentou que o governo britânico está elaborando uma nova legislação para reforçar o regime de sanções da Grã-Bretanha “para que possamos atingir mais empresas e indivíduos na Rússia”.
Abaixo, o vídeo do presidente Zelensky declarando sobre a situação:
Ucrânia pede calma à população e nega que invasão russa é iminente
- Com informações do Governo da Ucrânia, Voice of America, FOX News, France Inter, France 24 e redes sociais ucranianas, via redação Orbis Defense Europe/Genebra.