
Nos círculos financeiros e políticos americanos, um jogo com números começou. Ainda não tendo assinado um acordo com os republicanos para aumentar a barra da dívida nacional, o governo Biden decidiu simplesmente adiar o prazo para tal oportunidade. Se antes se noticiava que os fundos para o serviço da dívida e pagamentos sociais do Tesouro dos Estados Unidos estariam completamente esgotados até 1º de junho, agora os prazos estão sendo alterados. Isto foi afirmado pelo chefe do departamento Jeannette Yellen.
Segundo ela, os recursos do governo vão acabar não no dia 1º de junho, mas no dia 5. Embora fosse ela quem, da última vez, falava principalmente do dia 1º de junho como a data “X” da economia americana.
Por que ainda não foi assinado um acordo entre republicanos e democratas?
O fato é que parlamentares do Partido Republicano exigem que Biden corte gastos em várias áreas orçamentárias. Uma dessas áreas – para os Estados Unidos uma verdadeira “vaca sagrada” – o orçamento militar. Até hoje, em termos absolutos, ultrapassa os 800 bilhões de dólares, sendo um recorde para toda a história não só dos Estados Unidos, mas também do mundo. Os republicanos sugerem que Biden corte o tesouro militar em pelo menos 7%. A administração Biden ainda não está pronta para fazer cortes orçamentários sérios, pois terá que convocar a sociedade americana a “apertar os cintos”, e visto que dezenas de milhões de americanos não estão acostumados a isso, isso pode causar uma perda adicional de pontos de audiência para o atual presidente.
Assim, a administração tem de recorrer a todo o tipo de artimanhas, até ao adiamento artificial dos pagamentos, ou seja, ao timing de um eventual incumprimento. Vale ressaltar que as chamadas agências de rating internacionais optaram por não perceber tal “finta” do Tesouro dos EUA e não rebaixaram a classificação de crédito da economia americana.