Russos negam assistência médica a prisioneiros ucranianos – Especialistas da ONU

As prisões controladas pela Rússia estão a negar deliberadamente cuidados médicos aos prisioneiros ucranianos, tendo os médicos de uma prisão participado mesmo no que chamou de “tortura”, afirmou uma comissão mandatada pelo conselho de direitos da ONU.

A comissão, criada pelo Conselho de Direitos Humanos para investigar as violações na Ucrânia desde a invasão da Rússia, já tinha concluído que as forças de ocupação de Moscovo estavam a usar a tortura “sistematicamente”.

Mas no seu relatório oral ao conselho, o presidente da comissão, Erik Mose, disse que a tortura se tornou uma “prática comum e aceitável”, com as autoridades russas a agirem com “um sentimento de impunidade”.

Para além da tortura e da violação nos campos de prisioneiros ou da violação de mulheres nas cidades ocupadas, Mose denunciou “a falta de assistência médica adequada àqueles que dela necessitam desesperadamente” nos centros de detenção controlados por Moscovo.

“Numa instalação, até médicos penitenciários participaram na tortura”, disse Mose ao conselho.

O seu relatório baseou-se em testemunhos de antigos reclusos ucranianos na prisão de Olenivka, no leste ocupado da Ucrânia.

Afirmou que em 29 de julho de 2022, uma explosão no local causou a morte de muitos prisioneiros de guerra ucranianos, com a Rússia acusando Kiev de bombardear a prisão.

Segundo os presos, “nenhum apoio médico imediato foi fornecido a dezenas de outras pessoas que sofreram ferimentos graves”.

Apenas médicos do exército ucraniano detidos na colónia prisional tentaram atender as vítimas.

Mas eles tiveram que trabalhar “no escuro e sem equipamento médico vital, usando a pequena quantidade de suprimentos que restavam em seus próprios kits de primeiros socorros e lençóis para fazer curativos”, disse Mose.

“Eles viram muitos morrerem naquela noite, enquanto a liderança da colônia Olenivka assistia”.

Muitos dos ex-presidiários ficaram com “danos físicos e traumas graves ou irreparáveis”, disse Mose.

Alguns prisioneiros lutaram para regressar à vida civil após a sua libertação.

“Fui assombrado pelo medo de ser preso novamente. Estou fisicamente em casa, mas ainda me sinto mentalmente preso pelo trauma que os russos me infligiram”, disse um prisioneiro, citado no relatório.

Mose acrescentou que a crise financeira que a ONU enfrenta “afectou gravemente o pessoal do secretariado da Comissão e a sua capacidade de viajar”.


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