Eslováquia ameaça cortar energia elétrica e ajuda humanitária para a Ucrânia em disputa sobre gás russo

A Eslováquia pode tomar medidas retaliatórias contra a Ucrânia depois que Kiev interrompeu o fluxo de gás russo através de seu território, alertou o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico.

Em uma mensagem de vídeo publicada no Facebook na terça-feira, Fico sugeriu que seu partido Smer poderia cortar o fornecimento de eletricidade para a Ucrânia, bem como reduzir a ajuda aos refugiados ucranianos.

A Eslováquia exportou 2,4 milhões de megawatts-hora de eletricidade para a Ucrânia nos primeiros 11 meses de 2024, informou a Reuters, citando dados da operadora de rede do país, ajudando o país devastado pela guerra a suprir a escassez causada pelo bombardeio russo em sua infraestrutura energética.

No dia de Ano Novo, a Ucrânia cumpriu sua promessa de interromper o transporte de gás russo para a Europa através de seu território após um acordo-chave com Moscou expirar. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky saudou a medida como “uma das maiores derrotas de Moscou”.

Fico descreveu o fim dos fluxos de gás russo como “sabotagem” por Zelensky e disse que uma delegação eslovaca discutiria a situação em Bruxelas na próxima terça-feira. Depois disso, ele disse, sua coalizão governante consideraria retaliação.

“Declaro que (meu partido Smer-SSD) está pronto para debater e concordar na coalizão sobre a interrupção do fornecimento de eletricidade e sobre a redução significativa do apoio aos cidadãos ucranianos na Eslováquia”, disse Fico.

“A única alternativa para uma Eslováquia soberana é a renovação do trânsito ou a exigência de mecanismos de compensação que substituam a perda nas finanças públicas de quase 500 milhões de euros.”

As tensões entre Kiev e Bratislava aumentaram nos últimos dias, com Fico alertando na quarta-feira que a interrupção do fluxo de gás russo via Ucrânia teria um impacto “drástico” na União Europeia, mas não na Rússia.

Fico havia argumentado anteriormente que o fim do acordo levaria a preços mais altos de gás e eletricidade na Europa.

Depois de pôr fim ao fluxo de gás russo para a Europa através de seu território, a Ucrânia agora enfrenta uma perda de cerca de US$ 800 milhões por ano em taxas de trânsito da Rússia, enquanto a gigante do gás Gazprom, de propriedade do Kremlin, perderá cerca de US$ 5 bilhões em vendas de gás, de acordo com a Reuters.

Em 22 de dezembro, Fico foi recebido pelo presidente russo Vladimir Putin em Moscou, marcando uma rara visita ao Kremlin de um líder da UE desde que Moscou iniciou sua invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022.

As opiniões de Fico sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia variam muito daquelas da maioria dos líderes europeus. Desde que voltou ao poder em 2023, Fico encerrou a ajuda militar de seu país à Ucrânia e prometeu impedir que a Ucrânia se juntasse à OTAN. Ele também criticou as sanções da UE à Rússia.

plugins premium WordPress