O correspondente militar e de inteligência da Reuters, Phil Stewart, divulgou que cerca de 120 membros das forças de seguranças afegãs, 65 civis e mais de 300 combatentes do Talibã foram ceifados nos últimos 15 dias de intenso combate, e muitos outros ficaram feridos em todo o Afeganistão.
Estes eventos recentes contra civis e militares afegãos mostraram a correta incerteza e desarmonia que a retirada total das tropas americanas trará ao Afeganistão, mesmo que o apoio estratégico com financiamento de tropas, treinamento e aporte bélico permaneça, pois a história demonstra que EUA e China financiaram por décadas o grupo paramilitar no Paquistão, o principal centro de comando.
Bill Roggio, membro sênior da Fundação para a Defesa das Democracias (FDD), denunciou uma grave situação no Afeganistão que pode ser o início do levante do Talibã, após assumir o controle de dois distritos na província de Baghlan, no norte, nos últimos dois dias.
A medida pressagia uma ofensiva do grupo, cujo objetivo é restabelecer o Emirado Islâmico do Afeganistão pela força, talvez retomar seu poder político presente antes de 2001.
O distrito de Baghlani Jadid (anteriormente Baghlan-e-Markzai) caiu nas mãos dos paramilitares depois que invadiu duas bases militares afegãs no distrito, e o próprio grupo alegou ter assumido o controle do distrito.
Embora seja difícil confirmar de forma independente a alegação de controle, as alegações anteriores do grupo provaram ser precisas.
Dois dias atrás, o Talibã também invadiu o distrito de Burka em Baghlan depois de lutar com as forças de segurança afegãs.
“As autoridades locais realizaram uma retirada tática e mudaram seus escritórios para outros lugares no distrito depois de perder algumas partes do distrito”, segundo Roggio que destacou as informações do site TOLONews.
A segurança em Baghlan se deteriorou significativamente nos últimos anos. Dos 14 distritos de Baghlan, três são controlados pelo Talibã, 10 são contestados e apenas um está sob controle do governo, de acordo com um estudo em andamento do Long War Journal do FDD.
Dos 407 distritos do Afeganistão, o Talibã controla 78 e contesta outros 193.
O grupo armado lançou uma série de ataques contra as forças de segurança afegãs enquanto os EUA começam a retirar suas forças do país. O Comando Central dos EUA (CENTCOM) observou em 4 de maio que cerca de 2 a 6 por cento da retirada foi concluída.
Enquanto os militares dos EUA começam sua retirada, que deve ser concluída em 11 de setembro de 2021, o 20º aniversário do famosa ataque em setembro de 2001 que resultou no maior programa de combate ao terrorismo, os americanos têm recursos limitados para ajudar os militares afegãos a repelir as futuras ofensivas dos talibaneses.
Os militares americanos intervieram apenas em Kandahar, onde o grupo está ameaçando a capital da província de mesmo nome, e em Helmand. No distrito de Shah Wali Kot em Kandahar, o Talibã assumiu o controle da barragem Dahla, a segunda maior do país.
Não obstante a isso, os talibaneses lançaram vários outros ataques de pequena escala em todo o país. Em um desses ataques, foi a invasão à base militar na cidade de Ghazni relatada pelo Área Militar.
Embora muitos meios de imprensa estejam descrevendo o aumento dos ataques do grupo como uma ofensiva, a realidade é que as operações atuais são uma continuação de sua violência contra o governo e o povo afegão.
Uma ofensiva talibanesa provavelmente terá uma aparência muito diferente e incluirá milhares de combatentes se aglomerando para tomar as capitais provinciais, talvez vários de uma vez.
Anteriormente, o Talibã assumiu o controle da cidade de Kunduz (duas vezes, cidade de Farah e cidade de Ghazni) e os manteve por curtos períodos de tempo, mesmo enquanto as forças dos EUA estavam no país e apoiando os militares afegãos.
Long War Journal, FDD, Bill Roggio, via Redação Área Militar