Centenas de pilotos e mais de 45 aeronaves da Força Aérea Afegã deixaram o Afeganistão, provavelmente para evitar que caíssem nas mãos do Talibã durante a tomada de controle total em agosto.
Imagens de satélite do Aeroporto Internacional de Termez, no Uzbequistão, capturadas em 16 de agosto, revelaram várias dezenas de meios militares afegãos situados na pista do aeroporto.
As plataformas visíveis nas imagens incluem aeronaves utilitárias C-208, aeronaves de ataque leve projetadas pelo Brasil, o A-29 Super Tucano, e helicópteros Mi-17, Mi-25 e UH-60.
De acordo com a Associated Press, essas aeronaves podem ter sido forçadas a pousar em Termez pelas autoridades uzbeques após cruzarem a fronteira.
1/2 Grateful for the chance to talk w @VOANews @Navbahor about the 500+ Afghan pilots & their families in Uzbekistan. Tashkent would violate human rights and lose international goodwill if they return group to Kabul, as Taliban is demanding @hrw https://t.co/p6gh9IsoiC pic.twitter.com/bnWBMk5GqI
— Hugh Williamson (@HughAWilliamson) September 2, 2021
Outros relatórios sugerem que algumas aeronaves podem ter transportado soldados afegãos em busca de asilo.
Em imagens capturadas em 21 de agosto, as aeronaves não são mais visíveis, sugerindo que sua parada em Termez foi temporária e desde então eles foram realocados com destino não declarado pelo próprio Uzbequistão.
O pesadelo dos pilotos afegãos que fugiram de seu país parece interminável, agora o problema se encontra no próprio Uzbequistão, que vem alertando há dias os EUA de que os pilotos treinados pelas forças americanas podem ser EXPULSOS.
Esta declaração emitida dias atrás é tida como clamor pelo governo uzbequistanês que solicitou aos EUA que extraiam esses pilotos afegãos para um país diferente para evitar confrontos com os temidos talibaneses.
A questão dos pilotos afegãos treinados pelos EUA no Uzbequistão recebeu atenção redobrada depois que o deputado August Pfluger, do Texas, que faz parte do Comitê de Relações Exteriores da Câmara e é ex-piloto da Força Aérea dos EUA, pediu ao secretário de Estado Antony Blinken em tom pacífico: “Envolva-se com a situação e ajude os pilotos que correm risco de retaliação por parte do Talibã”.
O Departamento de Estado respondeu sobre a questão preocupante e afirmou: “Agradecemos ao governo do Uzbequistão por continuar a hospedar afegãos no Uzbequistão enquanto buscamos todos os meios para sua segurança e proteção de longo prazo”.
Os talibaneses exigiram de forma intimidadora que o governo uzbequistanês deportasse os soldados da Força Aérea Afegã que fugiram pela fronteira há mais de duas semanas.
Os insurgentes querem que devolvam todas as aeronaves a Cabul, bem como as tripulações com todas as forças e equipamentos. Alguns dos pilotos conseguiram evacuar junto com seus familiares, o que só complica o problema, que ainda não tem uma solução concreta no momento.
O próprio Deputado Pfluger mantém contato com o embaixador do Uzbequistão nos EUA que afirmou que os pilotos “não precisam voltar para o Afeganistão, mas não podem ficar no País”, apontando para a pressão dos insurgentes.
Os insurgentes estão agora pressionando os oficiais da embaixada do Uzbequistão em Cabul para mandar os pilotos de volta, isso significa que os familiares dos militares no país correm risco.
O caos se instalou no Afeganistão depois da queda do governo e ascensão do grupo, o que levou à evacuação de cidadãos americanos e aliados afegãos pelos militares dos EUA e Aliados.
Uzbekistan warns US-trained Afghan pilots, families face expulsion | TheHill – The Hill https://t.co/2RZ8Q8P6Ay pic.twitter.com/zHLg4QPTbn
— Noah Ross (@drnoahross) September 1, 2021
As partes aguardam uma reação da Casa Branca. Sabe-se que os pilotos da Força Aérea Afegã foram treinados por instrutores americanos e durante o confronto com os insurgentes conseguiram obter danos significativos às posições e logística do inimigo.
Os militares afegãos já reconhecem a possibilidade de deportação, caso os EUA os abandonem, e pior, as consequências serão sérias, possivelmente pagarão o preço com a própria vida, e o Uzbequistão está ficando sem saída: Ou expulsa os afegãos ou terá sérios problemas com os talibaneses.
Com informações complementares CSIS, The Hill, Wall Street Journal, NYT, Felipe Moretti