Uma junta de militares de forças especiais na Guiné derrubou o presidente Alpha Condé em 5 de setembro. O levante militar posteriormente dissolveu o governo e a constituição e fechou as fronteiras terrestres e aéreas do país.
Em dezembro de 2010, o presidente Alpha Condé se tornou o primeiro presidente da Guiné desde a sua independência da França em 2 de outubro de 1958 apoiada pelos comunistas, tornando-se a República da Guiné.
Alpha Condé, eleito por meio de uma eleição presidencial dita justa pelos cidadãos guineenses, marcou o fim de uma autocracia de governo.
O presidente, conforme disposto na Constituição do país, podia ser reeleito mais uma única vez, e em 2015, Condé conseguiu sua reeleição.
Porém, na ânsia de permanecer no poder diante de casos de corrupção, fraudes e ilegalidade em seu governo, os aliados do presidente pressionou o Congresso que criou um referendo constitucional, como resultado, o presidente foi autorizado a disputar mais um mandato como Chefe de Estado.
Alpha Condé ganhou as eleições de 2020, seguidas de protestos e acusações de resultados falsificados. A oposição guineense foi duramente reprimida, tendo o líder do partido União das Forças Democráticas da Guiné preso em janeiro deste ano e ceifado na prisão.
No início de 2021, os preços da farinha, dos grãos e do açúcar aumentaram drasticamente. O governo tentou estabelecer um preço mais alto para o pão, mas em meio à raiva contra esse decreto, o governo se recusou a aumentar os preços, o que levou à escassez de pão, já que as padarias se recusaram a produzi-lo a um preço fixo de 2.500 francos por pão, posteriormente elevado para 4.000 francos, algo em torno de R$ 2, o que novamente causou descontentamento público.
O descontentamento geral da população e especialmente a ala militar eclodiu a partir de março deste ano, quando a gasolina e os impostos foram aumentados, e o financiamento para os militares foi reduzido em favor dos serviços presidenciais.
Os fatores para o movimento militar de derrubada haviam sido sinalizados, e o estopim surgiu após decisão do presidente em despedir um oficial de alto escalão das forças especiais.
Em 5 de setembro de 2021, por volta das 8 horas da manhã nas proximidades do palácio presidencial na cidade de Conakry, foram ouvidos tiros e soldados das forças especiais do país apareceram nas ruas instando os moradores locais a voltarem imediatamente para suas casas.
توتر وإطلاق نار مستمر وسط العاصمة الغينية #كوناكري#إرم_نيوز #غينيا #Guinée #Conakry pic.twitter.com/Etz6J2o9CJ
— إرم نيوز (@EremNews) September 5, 2021
Os militares, chefiados pelo FOPESP Coronel Mamadi Dumbuya, das Forças Especiais do Governo (GPS), fecharam a ponte para a área de Calum, que contém muitos edifícios do governo, e as entradas das estradas no sentido nordeste foram bloqueadas.
O Ministério da Defesa da Guiné até havia anunciado que o movimento de deposição do governo havia sido contido, mero engano.
O oficial de alto escalão que corria risco de ser preso era o comandante do GPS, o Coronel Mamadi Dumbuya, um malinke da cidade de Kankan, no leste do país.
Anteriormente, Mamadi era legionário do exército francês e, em 2018, foi chamado de volta à Guiné para liderar as recém-criadas forças especiais.
Nos últimos meses, o nome do Coronel soava forte na imprensa guineense, e o chefe das forças especiais havia apelado ao Ministério da Defesa para dotar o seu departamento de poderes especiais, o que gerou desconfiança nas forças militares de Conacri.
Segundo rumores, as autoridades queriam prender o coronel em maio, mas essa informação não foi confirmada posteriormente.
O edifício oficial do presidente Condé foi invadido, e o político retirado através de escolta armada com blindados.
People of Guinea celebrating the military coup
pic.twitter.com/MIeGGVIWmU— Beno SarkCess (@BenopaOnyx1) September 5, 2021
Um vídeo que circulou na internet mostra dezenas de pessoas comemorando a captura do presidente e militares passando com o comboio possivelmente com Alpha Condé sob escolta.
BREAKING NEWS: There’s a coup d’etat underway in Guinea 🇬🇳. The President has been placed under house arrest by the military. I hope South Africa military is learning from this. pic.twitter.com/IYBSSWJan5
— Advovolicious (@advovolicious) September 6, 2021
Para tranquilizar a situação, os militares divulgaram nota que o presidente não corria perigo e teve amplo acesso a equipe médica.
🇬🇳 #Guinee Le colonel Mamady #Doumbouya, commandant des forces spéciales de l'armée guinéenne, a annoncé dimanche 5 septembre à la radio-télévision nationale la RTG, avoir arrêté le président #AlphaCondé et suspendu la Constitution. #RFImatin 👇(images ©AP) pic.twitter.com/DuoqjgS9En
— RFI (@RFI) September 6, 2021
Mamadi Dumbuya, em um discurso no canal de televisão estatal RTG, anunciou a dissolução do parlamento, a abolição da constituição e o fechamento das fronteiras aéreas e terrestres do país por pelo menos uma semana para prosseguir na estabilidade civil e política na nação usurpada pela corrupção.
Jubilation in Guinea after a Successful military coup.
2 pic.twitter.com/S7u1iiybZR— Emeka Gift (@Emekannaoma) September 5, 2021
Houve relatos de que guineenses tomaram as ruas e receberam muito bem a derrubada do governo, e para conter qualquer violência ou ato irresponsável, os líderes do movimento anunciaram um toque de recolher a partir das 19:00 em 5 de setembro em todo o estado.
#BREAKING
ALERT ⚠️There is a military coup underway at this moment in the Republic of Guinea 🇬🇳
Troops have been deployed in Conakry, the capital. Heavy gunfire can also be heard.#Guinea #Africa pic.twitter.com/VBKnsVNfF9— AEROSINT Division PSF 🇵🇰 (@PSFAERO) September 5, 2021
Ainda na noite de 5 de setembro, os militares especiais declararam controle total sobre Conacri e não houve qualquer resistência por parte dos soldados aquartelados. Há notícias atuais que as fronteiras do estado já foram reabertas.
In pictures: Guinea’s military deposed the government of President Alpha Conde and enforced a country-wide curfew, drawing criticism from the UN, African Union and Turkey pic.twitter.com/lINeo79qwr
— TRT World Now (@TRTWorldNow) September 5, 2021
Em algumas áreas da capital ainda há numerosos destacamentos de soldados implantados, e em algumas guarnições militares efetuam disparos de armas pesadas e permanecem em alerta máximo.
Confira agora imagens exclusivas da chegada das tropas especiais guineenses no palácio presidencial e a tomada do poder.
Imagens exata do momento que tropas especiais chegam no palácio presidencial:
Com informações complementares AFP, The Guardian, BBC News, The Canberra Times, ТАСС, JeuneAfrique.com, AP NEWS, DW.COM, Guinée Matin, Felipe Moretti