A batalha de Bakhmut está chegando a um ponto crítico, com a Rússia lançando ondas de novas tropas na briga enquanto tenta garantir novas vitórias (ou grande vitória) de Putin no campo de batalha desde o verão. Agora Kiev enfrenta uma escolha angustiante sobre o custo de manter sua posição.
A situação geral na área de Bakhmut está se deteriorando para os ucranianos, principalmente porque o fogo russo controla as principais estradas de abastecimento que levam à cidade.
Depois de oito meses de combate intenso, as forças russas estão avançando sobre a cidade em três direções, deixando a principal linha de abastecimento da Ucrânia sob forte pressão e Kiev enfrentando uma escolha angustiante sobre o custo de manter sua posição.
Famosa por suas minas de sal e produção de vinho espumante, Bakhmut, também conhecida como Artemivsk (1924 a 2016), era o lar de mais de 70.000 pessoas antes da invasão em grande escala da Rússia em 24 fevereiro do ano passado (2022).
Embora os analistas digam que Bakhmut tem pouca importância militar, a cidade se tornou o ponto focal tanto da resistência ucraniana quanto do esforço de Moscou para recuperar o ímpeto do campo de batalha.
Os ucranianos começaram a se referir à cidade nos últimos meses como “Fortaleza Bakhmut” porque ela permaneceu de pé após incessantes combates pesados. E “Bakhmut segura” tornou-se um grito de guerra usado por soldados e seus apoiadores, assim como pelo presidente Volodymyr Zelenskyy em seus discursos noturnos.
Mas com bombardeios implacáveis ??e ataques no estilo da Primeira Guerra Mundial , as forças russas conseguiram capturar várias cidades e vilarejos ao redor de Bakhmut nas últimas semanas. O mais notável entre eles era a cidade de mineração de sal de Soledar, 15 km ao norte (talvez menos).
Combatentes do Grupo Wagner, uma organização mercenária fundada pelo aliado próximo de Putin, Evgeny Prigozhin, estiveram na vanguarda do ataque russo. Muitos de seus combatentes foram recrutados em colônias prisionais em regiões russas distantes. Eles foram usados ??como “bucha de canhão”, disseram soldados ucranianos ao Financial Times durante uma visita em dezembro.
Mas Denys Yarolavskyi, comandante de uma unidade ucraniana operando em Bakhmut, disse que tropas regulares russas bem treinadas agora apoiam os combatentes Wagner em sua tentativa de cercar a cidade. Estima-se que a Rússia tenha agora mais de 350 mil militares concentrados em toda a região ocupada da Ucrânia.
A introdução de forças convencionais russas na linha de frente de Bakhmut compensou o ponto culminante da ofensiva do Grupo Wagner e reteve a iniciativa para as operações russas ao redor da cidade.
Seus últimos sucessos levaram as forças russas na quarta-feira a dizer que haviam efetivamente cercado a cidade.
“Bakhmut agora está operacionalmente cercada [e] nossas forças estão fechando o cerco ao redor da cidade”, disse Yan Gagin, um funcionário da administração marionete russa na capital regional ocupada de Donetsk.
Se correto, isso poderia levar Kyiv a ordenar a retirada de suas forças da cidade. Mas oficiais militares ucranianos negaram que fosse verdade e enfatizaram que a rodovia Bakhmut-Kostyantynivka, uma rota de abastecimento crucial para o exército ucraniano e artéria de evacuação para civis, permaneceu sob seu controle.
“A estrada para Bakhmut não está bloqueada”, disse Serhii Cherevatyi, porta-voz do comando oriental da Ucrânia, na televisão estatal na terça-feira. “Tudo está sendo feito para evitar que [as forças russas] bloqueiem o tráfego de nossas unidades. Todo o equipamento necessário, munições, alimentos, etc., estão sendo entregues a Bakhmut.”
No entanto, Konrad Muzyka, diretor da Rochan Consulting e analista de defesa que acompanha a guerra, escreveu em um relatório na quarta-feira que “a situação geral na área de Bakhmut está se deteriorando para os ucranianos, principalmente porque o fogo russo controla as principais estradas de abastecimento que levam à cidade”.
Serhii Cherevatyi, representante do comando oriental da Ucrânia, diz que as forças ucranianas estão fazendo de tudo para manter Bakhmut. Eles se retirariam apenas se os generais sentissem que era necessário minimizar as perdas de tropas e assumir posições melhores.
Os comandantes não podem, no entanto, retirar as tropas “assim assim”, disse. “A liderança militar está considerando vários cenários potenciais e observa de perto o inimigo”, disse ele, acrescentando que estão sendo feitas tentativas para repelir as forças russas.
Não há número oficial de mortos na batalha de Bakhmut, que começou em maio e continua desde então. Ambos os lados às vezes afirmaram ter matado até centenas de tropas inimigas por dia. Civis também foram mortos em um ritmo alarmante.
Se antes a cidade possuía 70 mil habitantes, de acordo com autoridades locais, apenas 6.500 permaneceram. Mais de 60% dos prédios da cidade foram danificados ou destruídos por ataques aéreos e bombardeios russos, e não há eletricidade, aquecimento ou água há mais de quatro meses.
O terreno de Bakhmut possui uma série de colinas ondulantes, vales e pedras brancas irregulares, capturar a cidade, um escudo para as áreas distantes de Kramatorsk, Slovyansk e Mykolaivka, e ao passo que os russos controlem a cidade, quebrará o corredor logístico ucraniano sobre a região de Donetsk e recuarão suas ações ao oeste.
