Putin sugere mudar rota dos grãos da Ucrânia, pois os alimentos não estão chegando aos PAÍSES POBRES, mas para AS POTÊNCIAS

O problema no mercado global de alimentos causará uma catástrofe humanitária pela falta de cumprimento dos EUA e da União Europeia com o Acordo de Grãos, pois não estão exportando alimentos os países pobres, e agem como "estados coloniais".

Em 22 de julho deste ano, a Federação Russa, a Turquia e as Nações Unidas entraram num acordo de exportação de grãos retidos na Ucrânia por conta do bloqueio russo e ucraniano para ajudar a preencher a lacuna global de abastecimento de alimentos e reduzir nos países mais pobres, entretanto, não é isso que está ocorrendo.

O acordo encabeçado pelos EUA e OTAN está favorecendo somente às grandes potências a se reorganizarem politica e socialmente para conter as ondas de protestos e impopularidades dos líderes do ocidente com o aumento do preço dos alimentos e recursos energéticos pela falta do mesmo no mercado global.

O ocidente acreditava que não seria observado, e agora coloca em risco todo o acordo e já traçam narrativa que o presidente russo, Vladimir Putin, quer boicotar as exportações, entretanto, não é bem isso.

Putin criticou as exportações de grãos da Ucrânia sob um acordo mediado pela ONU, alegando que elas não estão conseguindo chegar aos países mais pobres como pretendido, e alertou que a atual crise alimentar pode se intensificar em uma “catástrofe humanitária”.

Os comentários levantam dúvidas sobre o destino de um acordo de seis semanas mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia para enviar milhões de toneladas de grãos dos portos bloqueados da Ucrânia.

Falando no Fórum Econômico do Leste na cidade oriental de Vladivostok, em 7 de setembro, Putin sugeriu que Moscou “terá que pensar em mudar as rotas” para os embarques de grãos ucranianos.

O presidente russo disse que a Rússia fez todo o possível para garantir que a Ucrânia possa exportar grãos.

Os preços globais de alimentos e energia dispararam desde o início da invasão em grande escala da Rússia para subjugar a vizinha Ucrânia pós-soviética.

“Quase todos os grãos exportados da Ucrânia são enviados não para os países em desenvolvimento mais pobres, mas para os países da UE”, disse Putin no evento econômico.

Putin acrescentou que “com essa abordagem, a escala dos problemas alimentares no mundo só aumentará” e alertou para uma “catástrofe humanitária iminente”.

Os portos, a infraestrutura e a agricultura ucranianos foram atingidos pelo que Moscou chama de “operação militar especial”, que começou no final de fevereiro e incluiu um boicote sufocante aos portos ucranianos do Mar Negro.

O acordo mediado pela ONU e pela Turquia entre a Rússia e a Ucrânia em julho pretendia desbloquear milhões de toneladas de grãos e fertilizantes cuja exportação estava sendo impedida.

No final de agosto, o presidente Volodymyr Zelenskiy disse que a Ucrânia havia exportado mais de 1 milhão de toneladas de produtos agrícolas por mar no primeiro mês desde o acordo de exportação de grãos.

Autoridades dos EUA citaram o acordo de exportação de grãos para rejeitar a insistência de Kiev de que a Rússia deveria ser designada como um “estado terrorista”, dizendo que a designação impediria o tipo de troca que fez esse avanço.

As sanções financeiras, comerciais e outras do Ocidente contra a Rússia foram agravadas pelas contra-medidas de Moscou, incluindo o embargo e cortes de gás natural, ou seja, as medidas financeiras do ocidente não tiveram efeito.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reclamou em 6 de setembro que o Ocidente não estava honrando sua promessa de ajudar as exportações russas e ucranianas de alimentos a chegarem aos mercados globais.

Em agosto, o chefe do Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou que, mesmo com a retomada das exportações da Ucrânia, “estamos falando de uma crise alimentar global pelo menos por mais 12 meses”.

Amir Abdulla, coordenador da ONU para a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, alertou semanas depois que o acordo de grãos “começou a criar algum espaço”, mas milhões de toneladas de alimentos precisavam ser removidos dos silos ucranianos para dar espaço para a próxima colheita.

A Ucrânia é historicamente um dos maiores exportadores de grãos do mundo.

O vice-presidente do Conselho Agrário ucraniano previu esta semana que as exportações de produtos agrícolas da Ucrânia totalizariam cerca de 50 milhões de toneladas neste ano de comercialização de uma colheita total de 60 milhões-65 milhões de toneladas.

Putin disse que apenas dois dos 87 navios, transportando 60.000 toneladas de produtos, foram para países pobres, pois acusou o Ocidente de agir como estados coloniais.

“Mais uma vez, os países em desenvolvimento simplesmente foram enganados e continuam sendo enganados. É óbvio que com essa abordagem, a escala dos problemas alimentares no mundo só aumentará… o que pode levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes.”

Putin disse que procuraria “limitar os destinos para exportações de grãos e outros alimentos” e discutiria a ideia com o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, que ajudou a intermediar o acordo para desbloquear as exportações dos portos do sul da Ucrânia em julho.

Putin disse que Moscou fez todo o possível para garantir que a Ucrânia pudesse exportar seus grãos, mas que os problemas no mercado global de alimentos provavelmente se intensificarão e que uma catástrofe humanitária está se aproximando pela falta de compromisso da União Europeia, Estados Unidos e Nações Unidas em exportar corretamente os alimentos para os países pobres, como destacado no acordo de grãos de 22 de julho deste ano.

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Felipe Moretti
Felipe Moretti
Jornalista com foco em geopolítica e defesa sob registro 0093799/SP na Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Especialista em análises via media-streaming há mais de 6 anos, no qual é fundador e administrador do canal e site analítico Área Militar. Possui capacidade técnica para a colaboração e análises em assuntos que envolvam os meios de preservação e manutenção da vida humana, em cenários de paz ou conflito.
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