A Rússia está passando por uma modernização de décadas de suas forças nucleares estratégicas e não estratégicas para substituir as armas da era soviética por sistemas mais novos.
Na sequência do artigo de Hans Kristensen para a organização Bulletin of The Atomic Scientists, em dezembro de 2020, o presidente Vladimir Putin relatou que as armas e equipamentos modernos agora representam 86% da tríade nuclear da Rússia, em comparação com os 82% de 2019. Vladimir observou que espera que esse número suba para 88,3 por cento em 2021.

Como nos anos anteriores, os comentários de Putin enfatizaram a necessidade de as forças nucleares da Rússia acompanharem os seus adversários: “É absolutamente inaceitável ficar ocioso. O ritmo de mudança em todas as áreas críticas para as Forças Armadas é incomumente rápido hoje”.
O foco da fase atual e maior de modernização da Rússia é o SS-27 Mod 2, conhecido na Rússia como RS-24 (Yars), que é um SS-27 Mod 1 modificado (ou Topol-M) que pode transportar quatro veículos múltiplos de reentrada direcionáveis independentes (MIRVs).
O artigo de Kristensen constatou que Putin tem à sua disposição 78 ICBMs SS-27 Topol-M, especificamente 18 móveis e 60 em silos espalhados pela nação, os mais antigos foram implantados em 1997, e são esses quadros de mísseis que serão substituídos pelo mais novo míssil balístico intercontinental recentemente anunciado e assumido pelo governo russo, o ICBM Kedr, pois os 155 SS-27 Yars ainda estão sendo implantados em campo.
De acordo com o divulgado pela mídia estatal russa TASS, o desenvolvimento do míssil balístico intercontinental de nova geração Kedr começará entre 2023 e 2024.
Segundo uma fonte da indústria russa não identificada, o trabalho de pesquisa sobre Kedr foi financiado pelo atual programa de aquisição de armas do País, que está em vigor até 2027. O desenvolvimento tecnológico começará em 2023 e 2024.

De acordo com a fonte, os ICBMs Kedr de combustível sólido devem substituir os sistemas Yars somente em 2030, isso se deve às necessidades de se sobressair os antigos Topol-M. Assim como seu antecessor, o novo sistema terá modificações móveis e baseadas em silos.
Muito provavelmente o novo ICBM Kedr terá o modus operandi de veículos múltiplos de reentrada direcionáveis independentes. Muitos analistas estão preocupados que estas mudanças eminentes nos próximos 2 anos terão impactos sobre o New Start estendido para até 2026 entre Rússia e EUA no início deste ano, em contraste, tal acordo não restringe consideravelmente os veículos de reentrada múltiplos.

A extensão do Novo Tratado START garante limites verificáveis para ICBMs, Mísseis Balísticos de Curto Alcance e bombardeiros pesados dos signatários até 5 de fevereiro de 2026.
O regime de verificação do New START permite a Rússia e EUA monitorarem mutuamente a conformidade de seu parque industrial bélico nuclear e fornece uma visão melhor da postura nuclear de ambas as nações, inclusive por meio de trocas de dados e inspeções no local que permitem que os inspetores tenham olhos e tatos nas instalações e nas forças nucleares das duas nações.
Com base no caderno sobre a Força Nuclear Russa de Kristensen, Vladimir reduziu significativamente o número de ogivas posicionadas em seus mísseis balísticos para atender ao New START de não mais do que 1.550 ogivas estratégicas POSICIONADAS. A Rússia alcançou a redução necessária até o prazo de 5 de fevereiro de 2018, quando declarou 1.444 ogivas estratégicas atribuídas a 527 lançadores.
Os dados mais recentes, declarados em 1 de setembro de 2020, listavam a Rússia com 1.447 ogivas implantadas atribuídas a 510 lançadores estratégicos POSICIONADOS, segundo o Departamento de Estado dos EUA e o Escritório de Controle de Armas, Verificação e Conformidade.
Entretanto, se englobar todas as ogivas da nação, principalmente àquelas que estão armazenadas em bases aéreas e prontas rapidamente ao uso em bombardeiros e caças de combate, o quantitativo é estratosférico, acima de 4.400 ogivas.
- Acompanhe nosso canal no Youtube