OTAN começa a enviar jatos F-16 em novo apoio à Ucrânia

Os aliados da OTAN anunciaram na quarta-feira que começaram a transferir jatos F-16 para a Ucrânia, ao mesmo tempo que intensificaram as promessas a Kiev sobre uma eventual adesão à aliança, numa cimeira do 75º aniversário obscurecida pelas incertezas políticas nos Estados Unidos.

Com a pompa da reunião de três dias na capital dos EUA, o presidente Joe Biden pretende reunir o Ocidente e também tranquilizar os eleitores no meio do escrutínio pré-eleitoral sobre se aos 81 anos – seis anos mais velho que a própria NATO – ele continua apto para o cargo. .

Biden deu as boas-vindas individualmente aos outros 31 líderes da aliança antes de instá-los a acompanhar a produção militar da Rússia, que aumentou acentuadamente nos dois anos desde que o presidente Vladimir Putin invadiu a Ucrânia.

“Podemos – e iremos – defender cada centímetro do território da OTAN e faremos isso juntos”, disse Biden ao Conselho do Atlântico Norte, o órgão formal de tomada de decisões da aliança, no centro de convenções de Washington, enquanto a cidade sufocava sob o calor. aceno.

Biden anunciou que a Dinamarca e a Holanda começaram a enviar jatos F-16 fabricados nos EUA para a Ucrânia – cumprindo uma promessa importante no ano passado para Kiev, que tem lutado para ganhar paridade aérea com a Rússia.

Anteriormente, ele anunciou novos sistemas de defesa aérea para a Ucrânia e disse que os Estados Unidos concordaram em colocar mísseis de longo alcance periodicamente na Alemanha.

À noite, Biden recebeu os líderes da NATO para um jantar de gala, marcado por nuvens de tempestade que forçaram o cancelamento de uma passagem aérea planeada.

Biden comparou a aliança ao bairro de sua infância, dizendo: “Quando um vizinho precisava de ajuda, você ajudava.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que a transferência do F-16 “concentra a mente de Vladimir Putin no fato de que ele não sobreviverá à Ucrânia, ele não sobreviverá a nós”.

Mas o adversário da Casa Branca, Donald Trump, que está a superar Biden nas sondagens que antecedem as eleições presidenciais de Novembro, ponderou sobre a possibilidade de chegar a um acordo de paz rápido, pressionando a Ucrânia a entregar território à Rússia.

O magnata republicano questionou repetidamente a utilidade da NATO – formada em 1949 como defesa colectiva contra Moscovo – que ele vê como um fardo injusto para os Estados Unidos.

‘O terror deve falhar’

Na véspera da cimeira, a Rússia disparou uma série de mísseis contra a Ucrânia, matando dezenas de pessoas, incluindo em Kiev, onde um hospital infantil foi reduzido a escombros.

Biden convidou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para a cúpula, que expressou gratidão pelos F-16.

A nova aeronave “trará mais perto a paz justa e duradoura, demonstrando que o terror deve falhar”, escreveu Zelensky nas redes sociais.

A cimeira teve como objectivo, em parte, “tornar a aliança à prova de Trump”, inclusive dando à NATO um papel maior, em vez dos Estados Unidos, na coordenação da entrega de armas à Ucrânia.

Numa declaração conjunta, os líderes da NATO prometeram dar à Ucrânia 40 mil milhões de euros (43 mil milhões de dólares) em ajuda militar “no próximo ano” – parte dos esforços para aumentar a estabilidade depois de os aliados de Trump no Congresso terem suspendido a assistência dos EUA durante meses.

Os assessores de Trump também discutiram o condicionamento da ajuda à Ucrânia a forçar Kiev à mesa de negociações e disseram que a China, e não a Rússia, é uma preocupação maior para os interesses dos EUA.

A declaração dos líderes da NATO também visava a China, expressando “profunda preocupação” com o seu apoio industrial à Rússia.

A reação da China foi rápida.

“A OTAN deveria parar de exaltar a chamada ameaça da China e de provocar confronto e rivalidade, e fazer mais para contribuir para a paz e a estabilidade mundiais”, disse um porta-voz da missão de Pequim na UE, acrescentando que “a posição da China em relação à Ucrânia é aberta e honesto.”

Biden convidou quatro parceiros-chave do Pacífico para a cimeira – Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia – enquanto procura aumentar o papel da OTAN na Ásia.

Caminho “irreversível” da Ucrânia para a OTAN

A cimeira também intensificou as promessas à Ucrânia, dizendo que estava num “caminho irreversível para a plena integração euro-atlântica, incluindo a adesão à OTAN”.

A Ucrânia tem procurado durante anos, mas não conseguiu, tornar-se membro da NATO, que, como aliança, considera um ataque a um como um ataque a todos.

Mas Biden e o chanceler alemão, Olaf Scholz, levantaram preocupações de que trazer Kiev agora seria efectivamente entrar em guerra com a Rússia com armas nucleares, uma vez que ocupa áreas do território ucraniano.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, em visita dias depois de o seu Partido Trabalhista ter chegado ao poder, prometeu a Zelensky que a Grã-Bretanha – ao contrário dos Estados Unidos – estava unida através de linhas partidárias no apoio à Ucrânia.

Starmer deixou claro que não tinha problemas com o fato de a Ucrânia usar mísseis do Reino Unido para atacar o território russo, comentários que geraram repreensão por parte de Moscou.

A cimeira, disse Starmer aos jornalistas, está a mostrar a Putin que a NATO é “maior agora do que nunca, mais unida do que nunca, e absolutamente lúcida sobre a ameaça da agressão russa”.


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